Aliados de Bolsonaro querem fazer oposição a Dino com comissão de segurança
Com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados deve se tornar um espaço de frequente oposição e contraponto às políticas de segurança pública do governo Lula (PT).
O foco principal da comissão será pautar constantemente temas importante para o eleitorado bolsonarista e manter viva a defesa das pautas armamentistas que o ex-presidente privilegiou em seu governo.
Após a primeira reunião, integrantes da comissão já protocolaram ao menos 37 proposições. A maioria delas quer reverter o decreto que restringe o acesso a armas no país para CACs (caçadores, atiradores desportivos e colecionadores) e cidadãos comuns, elaborado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB).
Há críticas dos parlamentares a partes do texto vistas por eles como "excessivas". Por exemplo, a portaria que exige comprovação de necessidade para ter o porte de arma.
Alguns parlamentares, não integrantes do PL, analisam que era preciso corrigir o "liberou geral" decretado por Bolsonaro, embora concordem que o decreto precise de correções.
Investigação "informal"
Outras propostas apresentadas à comissão são referentes aos atos golpistas de 8 de janeiro e à convocação de Dino e integrantes do Executivo, com a justificativa de esclarecer o papel do Palácio do Planalto no dia em que houve a invasão dos prédios dos três Poderes.
Com a criação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos ainda indefinida, há a ideia de os bolsonaristas fazerem da comissão uma espécie de investigação alternativa contra os governistas.
Dos 34 membros, 22 deles assinaram o pedido de inquérito no Congresso. O grupo pressiona o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para convocar uma sessão conjunta e ler o requerimento que prossegue com a instalação da CPMI.
Chefia bolsonarista na comissão
O PL, partido de Bolsonaro, emplacou Sanderson (PL-RS) para a presidência do colegiado e conseguiu barganhar vagas de outras siglas para lotear a comissão com aliados do ex-chefe do Executivo. Foi Sanderson quem apresentou o primeiro projeto do ano para reverter os decretos de Dino.
Já conversei com [o presidente da Câmara] Arthur Lira, inclusive, para que esse projeto seja diretamente votado no plenário da Câmara. Se ele for tramitar na comissão, vamos alongar a discussão."
Deputado federal Sanderson (PL-RS)
Segundo apurou a reportagem, a sigla tem direito a indicar sete integrantes para a comissão, mas já tem dez vagas. Isso porque a bancada já conseguiu trocar três cadeiras com Solidariedade, PDT e União Brasil.
Há uma fatia relevante de deputados do PL eleitos e atuantes na área da segurança. Fora os integrantes de outros partidos que, mesmo não identificados formalmente como aliados de Bolsonaro, serão críticos aos decretos do governo petista.
O movimento dos deputados com pautas ligadas à segurança pública preocupou os governistas. No final da semana, eles já discutiram mudar a estratégia e também ampliar indicações ao colegiado. A federação composta por PT, PCdoB e PV tinha direito a seis indicações, mas só havia feito três.
O decreto do governo federal, elaborado por Dino, determinou, entre outras medidas:
- Suspensão do registro de novas armas de uso restrito de CACs;
- Suspensão de autorizações de novos clubes de tiro até a edição de nova regulamentação;
- Exigência de autorização de porte de arma à comprovação da necessidade;
- Recadastramento no Sistema Nacional de Armas (Sinarm), da Polícia Federal, de todas as armas cadastradas após a flexibilização pelo governo Jair Bolsonaro, em 2019;
- Proibição do transporte de arma municiada e da prática de tiro desportivo por menores de 18 anos;
- Redução de seis para três na quantidade de armas para o cidadão comum.
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