Governo do RJ exonera esposa de procurador da Uerj após reportagem do UOL
A advogada Fernanda de Paula Fernandes de Oliveira foi exonerada da Secretaria de Agricultura do Rio de Janeiro do governo Cláudio Castro (PL).
O que aconteceu
- A esposa do procurador da Uerj Bruno Garcia Redondo perdeu o cargo na sexta (17), três dias após a publicação de reportagem do UOL. A investigação revelou que Redondo, Fernanda e seis parentes dela receberam R$ 2 milhões brutos de projetos de pesquisa da Uerj com folhas de pagamento secretas entre 2021 e 2022.
- Na Secretaria de Agricultura, ela tinha salário de R$ 5.750 desde abril passado em cargo de assistente. Fernanda ainda recebeu R$ 180 mil em projeto de pesquisa da Uerj entre agosto de 2021 e julho de 2022. Redondo nega ter nomeado a esposa, que diz ter trabalhado no projeto.
- Também na sexta, a irmã do procurador, a advogada Laura Garcia Redondo, foi exonerada da mesma pasta. Ela recebia R$ 9.000 brutos desde dezembro de 2021. A cunhada de Fernanda consta nas folhas de pagamento secretas da Fundação Ceperj --entre outubro de 2021 e julho de 2022, Laura recebeu R$ 102 mil.
- No mesmo dia, o governo do RJ nomeou para cargo na Secretaria de Desenvolvimento Econômico outro contratado que consta nas folhas secretas da Uerj --o ex-vereador Daniel Martins (União) recebeu R$ 224 mil da universidade.
- Procurada, a Secretaria de Agricultura não comentou os motivos das exonerações.
Trabalho presencial x Carga horária
- Por e-mail, Fernanda afirmou que cumpria seu expediente presencialmente na secretaria. Ela nao comentou, contudo, as possíveis causas da exoneração.
Durante todo meu período na secretaria, trabalhei presencialmente em Niterói como assessora no setor do Agrofundo (Programa Especial de Fomento Agropecuário e Tecnológico, antigo Petafe), tramitando e atuando em processos e reuniões relativas a temas e subtemas dessa área
Fernanda de Paula Fernandes de Oliveira, advogada
- Por outro lado, ela disse que a contratação pela Uerj não exigia o cumprimento de carga horária.
Em projetos de extensão de universidades, atividades de pesquisa não são mensuradas em 'carga horária', mas em atividades e tarefas (meio e fim) para entrega dos produtos previstos no plano de trabalho. Sempre cumpri tempestivamente com todas as tarefas que me cabiam na Uerj, tendo me afastado, a pedido, em meados de 2022. Ou seja, há mais de nove meses não trabalho mais em projeto da Uerj!
- A advogada disse ainda que a universidade já apurou todas as informações sobre a contratação dela, não tendo constatado nenhuma irregularidade.
- A resposta segue a mesma linha de nota da reitoria da Uerj, que diz que apurou o caso revelado pelo UOL e "ficou demonstrado" que os bolsistas foram contratados por coordenadores gerais dos projetos; que eles tinham experiência e qualificação e trabalharam efetivamente.
- A Uerj, no entanto, não divulgou publicamente o teor desses relatórios de apuração tampouco como foi feito esse processo.
O procurador Bruno Garcia Redondo nega qualquer irregularidade e afirma que não tinha poder para realizar as contratações nos projetos (leia a íntegra dos esclarecimentos aqui).
Procurada por e-mail, a irmã de Redondo não se manifestou. O espaço segue aberto.
Uns saem, outro entra
Daniel Marcos Barbiratto de Almeida, conhecido como Daniel Martins (União), foi nomeado também na sexta coordenador de desenvolvimento na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RJ.
O ex-vereador foi preso na Operação Furna da Onça, uma das principais fases da Lava Jato do Rio. O titular da secretaria, Vinícius Farah, é seu colega de partido e também foi preso na Furna da Onça.
Daniel Martins foi um dos políticos beneficiados por pagamentos das folhas secretas da Uerj. Ele recebeu R$ 224 mil entre julho de 2021 e junho de 2022 em um programa na área de segurança pública.
Tanto Martins quanto a secretaria foram procurados para comentar a nomeação, mas não responderam até o fechamento desta reportagem.
Em reportagem de agosto, Martins negou ter sido contratado na Uerj por indicação política. Disse também que sua função era "analisar índices de criminalidade nos bairros do município do Rio de Janeiro e nos demais municípios, compilá-los e transformá-los em relatórios".
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