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PCC alugou imóveis em Curitiba e cogitou atacar Moro nas eleições, diz PF

Casas que o PCC alugou em Curitiba durante plano de atentado contra Sergio Moro - Reprodução/PF
Casas que o PCC alugou em Curitiba durante plano de atentado contra Sergio Moro Imagem: Reprodução/PF

Do UOL, em São Paulo e Brasília

23/03/2023 17h30Atualizada em 23/03/2023 18h19

A Polícia Federal aponta que membros do PCC (Primeiro Comando da Capital) passaram pelo menos seis meses em Curitiba organizando um atentado contra o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (União-PR), hoje senador. Nove pessoas foram presas ontem sob acusação de envolvimento no plano desarticulado pela PF.

O que aconteceu?

  • A juíza federal Gabriela Hardt, que autorizou as medidas contra os membros do PCC, tirou hoje o sigilo das decisões
  • A facção, segundo a PF, cogitou atacar Moro no dia do segundo turno das eleições do ano passado.
  • A investigação aponta que o grupo alugou imóveis e comprou veículos em Curitiba para monitorar a rotina do ex-juiz.
  • Os criminosos monitoraram o local de votação de Moro no bairro Bacacheri, de acordo com a PF. Uma conversa de WhatsApp obtida pela PF trouxe um "relato detalhado" das proximidades do Clube Duque de Caxias, o colégio eleitoral do senador. A mensagem descreve as entradas, as rotas de acesso, câmeras no local e nas proximidades e a quantidade de seguranças na região.
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Mensagem obtida pelos investigadores detalha de câmeras, rotas de acesso e seguranças nas proximidades de local de votação de Moro, em Curitiba
Imagem: Reprodução

Para os agentes, o detalhamento indica que "foi cogitada alguma ação" contra Moro durante o pleito.

Foi observada a existência de diversos contatos com DDD 41 -- região de Curitiba/PR, referentes a imobiliárias, lojas de móveis, hotéis, pousadas, chácaras, construtora, loja de celulares, restaurantes, pizzaria e outros criados principalmente no período de 20 a 28/10/2022 -- período que antecedeu o segundo turno das eleições presidenciais (30/10/2022), o que, mais uma vez, evidencia a intenção da facção em executar ações criminosas à época"
Juíza Gabriela Hardt, que autorizou as prisões dos membros do PCC

O que mais diz a investigação da PF

  • A PF aponta que o PCC alugou pelo menos duas casas e um apartamento em Curitiba, todos em bairros de classe média alta, para hospedar integrantes da facção.
  • Uma moradora vizinha a um dos imóveis relatou que três homens moraram no espaço, entre setembro de outubro de 2022, e deixaram o local "de uma hora para outra", sem comunicar nada e sem pagar o aluguel.
  • O trio seria Claudinei Gomes Carias, Jeneferson Aparecido Mariano e um terceiro homem identificado pelo nome falso "Gabriel". Os dois primeiros foram presos ontem.

As provas colhidas indicam que atos criminosos estão efetivamente em andamento na cidade de Curitiba/PR há pelo menos seis meses, contando com a presença física dos investigados, compra de veículos, aluguel de imóveis e monitoramento de endereços e atividades do senador Sérgio Moro"
Juíza Gabriela Hardt, que autorizou as prisões contra os membros do PCC

Vigilâncias e deslocamentos para Curitiba/PR, entre outros dados, ocorrem desde meados de agosto de 2022, ou seja, a situação do plano é de estabilidade nos propósitos ilícitos"
Trecho de relatório da Polícia Federal

Não bastasse isso, utilizaram veículos diversos e têm despendido relevantes quantias oriundas do Tráfico de Drogas para subsidiar esse atentado contra o Estado Brasileiro"
Trecho de relatório da PF

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Descrição de gastos do PCC encontrada em nota arquivada por uma das investigadas pela PF
Imagem: Reprodução

Grupo procurou chácaras, casas e apartamentos

  • Em relatório, a PF afirma que o grupo criminoso visitou diversas chácaras na região de Contenda e São José dos Pinhais, nas proximidades de Curitiba, e imóveis próximos à casa de Moro na capital paranaense.
  • Ao ligar para o anúncio de uma das chácaras, os criminosos perguntaram sobre pedágios nas estradas (que permitiriam identificar veículo e passageiros) e se alguém cuidava do local; o temor era de que um eventual caseiro pudesse ver os atos ilícitos que seriam cometidos;
  • Os criminosos também evitaram usar Pix; segundo a PF, a transação poderia ser identificada.
  • Além das chácaras, o plano também envolvia duas casas e um apartamento em Curitiba.