Funai de Bolsonaro comprou carne de pescoço superfaturada no AM, diz jornal
Entre 2020 e 2022, funcionários da Funai compraram carne de pescoço para indígenas a R$ 260 o quilo, bem como outras carnes que nunca teriam sido entregues junto às cestas básicas na região do Rio Madeira, no Amazonas. A informação é do jornal O Estado de S.Paulo.
O que aconteceu?
Segundo notas fiscais avaliadas pelo jornal, o quilo da carne de pescoço de galinha foi adquirida a um preço superfaturado: valor é 24 vezes maior que os R$ 10,7 que tinham sido considerados em outros contratos do governo. No total, foram gastos R$ 5,2 mil em 20 quilos de pescoço. A carne também serviria para funcionários da Funai na região e indígenas da etnia mura.
A empresa que vendeu o lote à Funai é de um dos filhos do prefeito de Humaitá (AM), Herivaneo Vieira de Oliveira. Ao Estadão, ele negou que houvesse venda desse tipo de carne, que classificou como "ruim demais".
O gasto total com compras de carnes nos dois anos chegou a R$ 927,5 mil, mas indígenas disseram que elas não foram entregues em cestas básicas. Além do pescoço de frango, há registros de charque, maminha, coxão duro, alcatra e latas de presunto, que deveriam ser entregues pela empresa Loja do Crente Rei da Glória.
Região tem população indígena em situação de vulnerabilidade, em especial os de recente contato, como os pirahãs, diz a reportagem.
Yanomamis receberam sardinha em contrato milionário
Ontem, o Estadão também publicou uma reportagem a respeito de um contrato milionário para comprar cestas básicas com sardinha e linguiça calabresa durante a crise humanitária na Terra Yanomami. Nenhum dos alimentos faz parte da dieta local.
A Terra Yanomami, que teve parte do povo morto por desnutrição, foi a que mais recebeu recursos do governo Bolsonaro para a compra de alimentos (R$ 7,8 milhões).
O contrato de bistecas para indígenas segue em vigor. A Funai, sob o governo Lula (PT), mandou investigar a compra.
Os yanomamis não comem sardinha, não comem calabresa. Então, eles realmente jogavam fora, porque isso não é suficiente. Isso não mata a fome. Não nos consultaram sobre o envio desses alimentos.
Dário Kopenawa, representante das comunidades que vivem na Terra Yanomami, ao Estadão
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