Lula no G7 tem crítica a Conselho da ONU e pressão de Zelensky por encontro
Convidado para participar no Japão da cúpula do G7, o presidente Lula questionou hoje a própria legitimidade do grupo formado por algumas das maiores economias do mundo e defendeu uma reforma das instituições globais para permitir que emergentes tenham mais voz nas decisões. Nos bastidores, o petista é pressionado para uma reunião com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Pressão por reunião com Zelensky
Zelensky solicitou uma reunião com Lula — o encontro não está na programação inicial do petista na viagem ao Japão. A Ucrânia tem pressionado para o que o Brasil assuma uma posição contra a Rússia, que invadiu o país vizinho. A Índia também sofre a mesma pressão.
O ex-chanceler Celso Amorim afirmou que a tendência é de haver a reunião. "Se Putin pedisse, também receberia", declarou ao jornal O Globo o Assessor especial da presidência da República para Assuntos Internacionais.
O governo americano também que falar com o Brasil sobre o assunto. Lula estuda o que fazer enquanto procura enviar os recados de sua agenda.
Lula teria dito ao colega francês Emmanuel Macron que se encontrará com o presidente ucraniano. A informação foi publicada pela Reuters, segundo disse uma fonte presidencial francesa a repórteres.
A situação é complexa porque Brasil e Índia integram os Brics, bloco da qual a Rússia também faz parte. Tomar partido pela Ucrânia causaria ainda mais implicações diplomáticas com Moscou.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também deseja se reunir com Lula, declarou o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. Até o momento, nenhuma das solicitações foi incluída na agenda do chefe de Estado brasileiro.
A crítica ao Conselho da ONU
O presidente do Brasil aproveitou as sessões de trabalho para mandar recados aos países que detêm a hegemonia mundial.
Em pleno G7, Lula preferiu destacar a existência de outro grupo, o G20. Mas defendeu que ele seja expandido ao continente africano.
A consolidação do G-20 como principal espaço para a concertação [o pacto] econômica internacional foi um avanço inegável. Ele será ainda mais efetivo com uma composição que dialogue com as demandas e interesses de todas as regiões do mundo. Isso implica representatividade mais adequada de países africanos.
Lula, em discurso no G7
Lula criticou a formação de blocos antagônicos, uma referência à polarização crescente entre a China e os EUA. Ambos brigam pelo comando econômico, militar e cultural do planeta.
Neste contexto, o presidente pediu a reformulação do Conselho de Segurança da ONU. Ele deseja a inclusão de países periféricos neste grupo para que ocorra a distribuição de poder para mais nações.
Sem reforma de seu Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes, a ONU não vai recuperar a eficácia, autoridade política e moral para lidar com os conflitos e dilemas do século XXI.
Na segunda sessão de trabalho, o recado de Lula foi de implementação da agenda verde. Ele falou que o Brasil pretende ser um líder global neste assunto, defendeu que países periféricos não podem ser deixados para trás e cobrou ações práticas das potências mundiais.
Insistimos tanto que os países ricos cumpram a promessa de alocarem 100 bilhões de dólares ao ano à ação climática. Outros esforços serão bem-vindos, mas não substituem o que foi acordado na COP de Copenhague, disse Lula.
Reunião com França e Alemanha
Lula abordou com o presidente Macron esforços para preservação da Amazônia. A França está presente na região com o território ultramarino da Guiana Francesa. Durante seu governo, Bolsonaro entrou em atrito com Macron por causa da Amazônia.
Reencontro com o presidente da França, Emmanuel Macron, no G7. Falamos sobre a preservação da Amazônia e caminhos para a construção da paz na Ucrânia. Estamos retomando a amizade e parceria entre nossos países, podemos fazer muitas coisas juntos, Lula, no Twitter
O presidente brasileiro também esteve com o chanceler alemão, Olaf Scholz, durante o G7. Outra vez a Guerra da Ucrânia e a preservação ambiental foram tratados.
China descontente com comunicado do G7
A China também foi pressionada pelos integrantes ocidentais do G7. O comunicado oficial do grupo criticou as atividades do país no Mar do Sul da China.
O Ocidente reclama que os chineses desrespeitam a área de exploração econômica no oceano de países vizinhos. Pequim entendem que tem direito de exercer atividades naquela área.
Também causou descontentamento a China as menções a desrespeito na área dos direitos humanos. Por último, foi solicitado que o país se mantenha neutro na Guerra da Ucrânia.
O Brasil não assinou o documento — países convidados não podem assinar.
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