'Meteu os pés pelas mãos', diz Moro após afastamento de Appio
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) afirmou hoje, em entrevista à GloboNews, que o juiz Eduardo Appio, que estava à frente da Operação Lava Jato, "meteu os pés pelas mãos" ao comentar o afastamento cautelar dele da 13ª Vara de Curitiba pelo TRF-4.
O que aconteceu?
Moro sugeriu que Appio seria "desequilibrado emocionalmente". " Como vão deixar um juiz desequilibrado emocionalmente para conduzir os trabalhos daquela jurisdição? [...] Não pode um juiz ligar para um filho de desembargador e ameaçar. Um juiz não pode ameaçar ninguém. Vamos passar pano para isso? Tem coisas gravíssimas", disse o senador.
O senador também disse que o juiz é "revanchista" em relação à Lava Jato. "Fica essa história, essa ladainha, essa mentira reiterada, sem ter qualquer prova. Isso é pauta desse governo. Isso é pauta desse governo criando esse clima de revanchismo em relação a Temer, Bolsonaro, Lava Jato e todas as reformas que foram feitas", afirmou Moro.
O país está na direção errada, na pauta errada. E esse revanchismo, essa tentativa de rediscutir toda hora... A Lava Jato prendeu bandido." Sergio Moro (União Brasil-PR), em entrevista à GloboNews
A decisão de ontem do TRF-4 diz que Appio terá que ser afastado e ter eletrônicos utilizados no trabalho, incluindo notebook, desktop e celular funcional, apreendidos e encaminhados para perícia. Ele é alvo de procedimento que investiga telefonema suspeito que serviria para intimidar um desembargador envolvido no julgamento de outro processo disciplinar contra Appio.
Eduardo Appio terá um prazo de 15 dias para apresentar "defesa prévia", contados partir "da ciência desta decisão", diz a Certidão de Julgamento, divulgada pelo tribunal, à qual o UOL teve acesso.
STF não pode ser 'puxadinho' do Executivo, diz Moro
O senador também comentou a possível indicação do advogado Cristiano Zanin por Lula ao STF. Ele disse que é cedo para "antecipar" o debate, mas que a Suprema Corte não pode se tornar um "puxadinho" do Executivo.
Nós temos que esperar a indicação. Uma hora eu ouço algo, depois outra hora já não é mais favorito. É antecipar um pouco o debate antes de ter a indicação. De todo modo, o que eu tenho defendido é que se faça uma sabatina rigorosa. O que nós temos que avaliar é o grau de independência. O Supremo não pode ser um puxadinho do Executivo".
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