CPI do 8/1: governistas se dividem em núcleos e estudam chamar Bolsonaro
Preocupado em controlar a condução da CPI de 8 de janeiro, o governo Lula (PT) dividiu seus deputados em núcleos de investigação. Um dos eixos da apuração é sobre mentoria intelectual das invasões e a intenção é reunir informações para chamar membros de alto escalão do governo Jair Bolsonaro (PL), incluindo o próprio ex-presidente.
O que está acontecendo
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) já encomendou um estudo técnico sobre as regras regimentais para convidar ou convocar Bolsonaro para depor. A convocação torna a presença obrigatória. Mas chamar o ex-presidente não seria uma intenção de curto prazo.
O plano é reunir uma série de informações que conduzam a investigação na direção de Bolsonaro, afirmou Rogério Correia, que integra o núcleo de mentoria intelectual. Serão requisitados eventuais indícios que o STF (Supremo Tribunal Federal) colheu contra o ex-presidente. Somente com este material em mãos, seria viável um requerimento para o ex-presidente depor.
A construção desta condição para Bolsonaro comparecer à CPI depende de costurar diferentes episódios e associá-los ao ex-presidente. A lista inclui os seguintes fatos:
- Não reconhecimento da derrota nas eleições.
- Fechamento de rodovias depois da eleição.
- Não condenar acampamentos que pediam intervenção militar e ficavam em frente a quartéis.
- Queima de veículos em Brasília no dia da diplomação de Lula no TSE.
- Colocação de uma bomba num caminhão-tanque estacionado perto do aeroporto de Brasília.
Caso a apuração de todos estes fatos se conecte com Bolsonaro, a possibilidade pedir seu depoimento ganha força.
Quem certamente não vai se livrar de dar explicações é Anderson Torres. Ele foi ministro da Justiça do ex-presidente, era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no dia das invasões e guardava a minuta de um golpe de Estado em sua casa.
Trabalho direcionado de investigação
Esta intenção do governo em ter a imagem de Bolsonaro depondo numa CPI depende do sucesso dos núcleos de investigação que serão criados. O deputado Rubens Pereira Júnior disse que são três eixos de trabalho:
- Participantes das invasões em 8 de janeiro.
- Financiadores que bancaram o acampamento em frente ao QG do Exército e os ônibus para Brasília.
- Mentores intelectuais que convenceram as pessoas a pedir golpe. Bolsonaro estaria neste núcleo.
O deputado Pereira Júnior vai usar o relatório do interventor Ricardo Cappelli como base e cobrar respostas das Forças Armadas e da Polícia Militar do Distrito Federal sobre suas atuações no dia 8 de janeiro.
Ele acrescentou que Cappelli e o ministro da Justiça, Flávio Dino, podem depor. Se isto ocorrer, a oposição vai tentar pressionar esta dupla, mas o governo planeja usar sua maioria na CPI para fazer perguntas que comprometam o governo Bolsonaro.
O alvo principal de Pereira Júnior será a PM do Distrito Federal, que, na sua avaliação sofreu um apagão que foi decisivo para invasão do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF.
Hora que solucionou o apagão, desocupou os Palácio [do Planalto], afirma o deputado Pereira Júnior.
Respostas à CPI do MST
Parlamentares do PT ainda falam em usar a CPI de 8 de janeiro para revidar "loucuras" efetivadas pela oposição na CPI do MST. Na prática, ataques desferidos ao governo Lula na comissão que é liderada por ruralistas e a oposição, ou convocações que causem constrangimento ao Planalto, serão respondidos na CPI do das invasões.
O chamado de Bolsonaro pode ocorrer neste contexto. Ocorre que isto causaria forte repercussão nos trabalhos. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) são suplentes na comissão e podem assumir vagas para liderar uma reação enérgica enérgica da oposição.
Outra possível frente de atrito é que será solicitado à Justiça a lista de deputados federais e senadores investigados pelas invasões. A ideia é saber se parlamentares da oposição que integram a CPI figuram nos inquéritos. Em caso de haver algum, além de um pedido de expulsão da comissão, ele pode ser obrigado a depor.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.