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'Vivemos a crise dos 6 meses', diz Marina sobre risco de ter pasta reduzida

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente - Reprodução/GloboNews
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente Imagem: Reprodução/GloboNews

Do UOL, em São Paulo

25/05/2023 15h32Atualizada em 25/05/2023 15h53

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) afirmou em entrevista à GloboNews que o governo vive "a crise dos seis meses" em meio ao risco da pasta que ela comanda ser reduzida.

O que aconteceu?

Marina disse que a gestão Lula passa pela dificuldade de ter um Congresso que ganhou mais força. "O governo fez, na transição, uma decisão correta de reestabelecer as competências do Ministério do Meio Ambiente, mas, infelizmente, uma parte do Congresso está fazendo uma retaliação porque, na gestão Lula, o Ibama tem as suas competências preservadas", afirmou a ministra.

Para a chefe do Meio Ambiente, também há conflitos de interesse porque Lula formou um governo de "frente ampla". Ainda de acordo com ela, a nova gestão ainda luta contra o retorno da estrutura ministerial do governo Bolsonaro.

"Estamos vivendo uma situação em que alguns setores querem reeditar a estrutura do governo Bolsonaro no governo Lula, desrespeitando a autonomia que o governo tem em relação à gestão", argumentou Marina.

Nesse momento, vivemos um tensionamento que não está sendo fácil, nem para o Ministério do Meio Ambiente, dos Povos Indígenas, do Desenvolvimento Agrário, dos Direitos Humanos e do combate à desigualdade racial, porque são as agendas onde o bolsonarismo atua com mais força." Marina Silva, ministra do Meio Ambiente

Marina exaltou Lula um dia após derrotas no Congresso

Durante a cerimônia de posse hoje do novo presidente do ICMBio, Mauro Pires, a ministra do Meio Ambiente agradeceu Lula e fez o sinal de L com os dedos.

"Quero agradecer ao povo brasileiro por estarmos aqui, quero agradecer ao presidente Lula por estarmos aqui, inclusive resgatando a função originária de como se escolheria a presidência do ICMBio, que seria por um comitê de busca", disse.

Nesta quarta-feira (24), o governo não conseguiu reverter perdas socioambientais na MP dos Ministérios. O texto aprovado desidratou o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério dos Povos Indígenas e foi alvo de protestos de Marina. Até aliados apontaram falta de articulação política do Planalto para o tema.

Para o colunista do UOL Josias de Souza, a reorganização da Esplanada dos Ministérios não significou uma derrota de Marina Silva, mas mostrou que o governo Lula "levou uma surra".

É um erro afirmarmos que a Marina foi derrotada. Há muito tempo o governo não tomava uma surra igual a essa no Congresso. Tudo isso sem que o Lula desse um pio. Articulada pelo Lira, essa banda troglodita do Legislativo passou a boiada ambiental do Bolsonaro pela cerca da gestão Lula. Dizer que Marina e Sônia Guajajara foram derrotadas é muito pouco para traduzir o resultado dessa pancadaria. Lula perdeu o rumo na única área em que poderia reivindicar algum protagonismo planetário, a ambiental.
Josias de Souza, colunista do UOL