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Briga ideológica não ajuda metas do Brasil com Venezuela, diz ex-embaixador

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/05/2023 18h41

O ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa disse no UOL News que vê com "pragmatismo" a visita do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao Brasil.

O Brasil é um dos países que tem mais interesse em relação à Venezuela, porque tem uma dívida a receber da Venezuela e o Brasil tinha um mercado importante por lá que perdeu. Agora se recuperou a assistência dos brasileiros que moram na Venezuela, o governo anterior retirou os diplomatas de Caracas e fechou os consulados, foi uma atitude contra os brasileiros que residem lá fora".

A discussão ideológica é contra o interesse dos países. Os Estados Unidos estão brigando com a China, mas nem por isso deixam de conversar, tem embaixador e visitas lá. Não estamos em guerra com ninguém, o governo anterior colocou uma guerra ideológica que não era favorável aos interesses do Brasil. Muita coisa aqui na região ficou paralisada".

Para o ex-embaixador, o Brasil pode ter um papel importante para a democracia da Venezuela.

Não quer dizer que você aceite o regime que está lá, o Brasil pode ter um papel importante na transição democrática na Venezuela. Ano que vem vai ter eleições lá, como que fica?".

Sakamoto: Bolsonaro deu as costas à Venezuela; Lula se coloca como mediador para democracia

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto afirmou no programa que, para além dos interesses econômicos, é importante manter o diálogo com a Venezuela.

Qualquer país quando sofre um problema social grande e outro país dá as costas, esse país que deu as costas vai sofrer as consequências, porque vai ter fluxo migratório de refugiados, como aconteceu na Venezuela".

Quando o Brasil de Jair Bolsonaro finaliza o diálogo, não tem conversa, e o que continua vindo é o fluxo de refugiados, de pessoas que passaram por dificuldade".

O Brasil tem muito mais potencial de atuar em uma democracia plena na Venezuela caso ele não ignore a existência da Venezuela, aí ele pode conversar sobre eleições livres e transparentes ano que vem, ele pode falar a respeito da necessidade de desenvolvimento que leve em consideração as vozes dissonantes dentro do país. O Brasil pode mediar. Se o Brasil se omitir nesse processo de reconhecimento e mediação, outras pessoas o farão, aumentando nossa irrelevância regional".

Sakamoto: Bolsonaro tentou comprar votos de pobres queimando grana dos trabalhadores

O colunista também analisou a matéria que revelou que Bolsonaro provocou calote bilionário na Caixa com manobras para tentar ganhar a reeleição contra Lula.

Segundo ele, isso é "mais uma herança maldita" do ex-presidente.

Bolsonaro tentou comprar votos dos pobres queimando grana dos trabalhadores. Ele viu, em determinado momento, que o Auxílio Brasil não estava rendendo muito voto para pobre porque Lula disse que faria o mesmo. O que ele fez: criou um programa de microcrédito para negativados, só que fez isso de forma atabalhoada, de forma eleitoreira e sem cuidado. E falando o seguinte: 'Se o pessoal não pagar, o buraco vai ser coberto pelo rendimento do FGTS'. O rendimento do FGTS não é bom".

Ou seja, pega o rendimento e usa para cobrir rombo de político, em vez de distribuir nas contas de todos nós que somos assalariados".

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Quando: de segunda a sexta, às 8h, às 12h e 18h.

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