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Caiado ataca MST durante CPI, e Sâmia reage: 'Seu tio está na lista suja'

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/05/2023 20h12Atualizada em 31/05/2023 22h09

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) e a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) trocaram farpas durante a tarde de hoje (31), na sessão da CPI do MST.

O que aconteceu

Caiado acusou o MST de ter ligação com o narcotráfico, sem apresentar provas. O governador classificou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra como uma "facção criminosa" e afirmou que em Goiás "todo mês é verde e amarelo". "Lá não tem mês vermelho", disse, referindo-se à cor símbolo do MST.

Sâmia reagiu e citou que Caiado tem familiares que já figuraram na "lista suja" do trabalho escravo no Brasil. Prevista em portaria interministerial, a lista inclui nomes de responsabilizados em fiscalização do trabalho escravo, após os empregadores se defenderem administrativamente em primeira e segunda instâncias.

A deputada acusou Caiado de querer flexibilizar o licenciamento ambiental "para agradar seus familiares". Também citou Emival Caiado Filho, primo do governador, "responde a uma série de inquéritos por depredação ambiental, por desrespeito aos direitos humanos."

Ele [Caiado] acusa o MST de uma série de barbaridades, mas esqueceu de dizer que seu tio, Antônio Ramos Caiado, está na lista suja do trabalho escravo, que foram encontrados quatro trabalhadores em situação análoga à escravidão dentro da sua carvoaria."
Sâmia Bomfim, deputada federal pelo PSOL

O parente de Caiado mencionado pela psolista esteve na lista suja em 2014, mas atualmente seu nome não consta mais.

Caiado rebate Sâmia

O governador alegou que a parlamentar fez uso de "mentiras, ilações e calúnias".

Deputada Sâmia, sinceramente, quando se leva para um lado pessoal... Realmente me dá saudade do meu amigo, e talvez seja o melhor professor seu, Ivan Valente. Sempre foi um homem que se postou à altura do debate, nunca utilizou de mentiras, ilações e calúnias para vir no ponto pessoal."
Ronaldo Caiado, governador de GO

O governador disse que Sâmia não tem argumentos. "Se você for no meu estado visitar os assentamentos, você vai ver o que o estado está fazendo. Agora o assentamento que fazia propaganda e tinha você como deputada federal vive na miséria. Onde é que está sua capacidade de falar que defende o social?"

Familiares de Caiado na lista suja

Antônio Ramos Caiado e Emival Caiado Filho já tiveram seus nomes na lista suja de trabalho análogo à escravidão, do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Eles são, respectivamente, tio e primo de Ronaldo Caiado.

O site Repórter Brasil, parceiro do UOL, mostrou que Antônio e Emival foram flagrados por órgãos fiscalizadores mantendo trabalhadores em condições degradantes de trabalho. Em 2022, o desembargador do Trabalho Brasilino Santos Ramos determinou que o nome do fazendeiro Emival voltasse para a "lista suja" do trabalho escravo.

À época, Antônio negou ser culpado da exploração dos funcionários. Afirmou que o local da fazenda onde foi feito o resgate havia sido cedida em regime de comodato a um terceiro. Na ocasião, a defesa do empresário afirmou ao Repórter Brasil que ele "foi absolvido na esfera criminal e posteriormente teve o nome retirado da lista".

Os nomes de Antônio e Emival foram retirados da lista de trabalho sujo do MTE. Esses dados são utilizados por bancos e empresas para vetar negócios com esses empregadores.

CPI do MST

Caiado foi à CPI a convite do deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO). O parlamentar alegou que o governador teria muito a "enriquecer" a Comissão, porque o estado deles "não conta com nenhuma ocupação do MST".

No começo da sessão, Sâmia Bomfim chegou a ter o microfone cortado pelo presidente da Comissão, tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS).

A sessão foi encerrada após bate-boca entre Caiado e o deputado Paulão (PT-AL). O governador exigiu respeito do parlamentar e teve início uma discussão com discursos alterados.