Deputado corta microfone de Sâmia pela 3ª vez: 'Senhor dá provas contra si'
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) teve o microfone cortado pela terceira vez na CPI do MST. Ao ser interrompida, ela lembrou ao presidente da comissão, tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), o inquérito contra ele por silenciá-la nas sessões. Zucco interrompeu duas vezes a fala de Sâmia na CPI —a primeira ocorreu na terça da semana passada (23); ontem, quem a interrompeu foi o relator, Ricardo Salles (PL-SP).
O que aconteceu
Sâmia anunciou que faria perguntas referentes às próximas diligências e a feita na segunda-feira, o que estaria incluso na pauta do dia.
Ao começar uma pergunta, o som dela foi cortado. Relator da comissão, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) riu, falou algo para Ronaldo Caiado (União-GO) e entregou um microfone para o governador, que também ria.
"Tem um inquérito contra o senhor na PGR por cortar o microfone de deputadas e o senhor dá provas contra o senhor, o inquérito está aberto", falou Sâmia, mesmo com o som silenciado. Ela foi cortada na semana passada e ontem novamente. Após o episódio de 23 de maio, o Ministério Público Eleitoral pediu que a PGR (Procuradoria-Geral da República) investigue possível prática de violência política de gênero contra Sâmia.
"Indeferido. Deputada, recorra ao presidente da Casa, indeferido, matéria vencida", respondeu Zucco.
"Nem sequer ouviu, é pior para o senhor", disse a deputada.
A parlamentar escreveu nas redes sociais que Zucco e Salles "rasgam o regimento da Câmara e a Constituição todos os dias".
Ao fundo, parlamentares da oposição falavam que as perguntas de Sâmia eram "só para enrolar" e representariam "o medo que eles têm da fala do governador".
O que é violência política de gênero
Qualquer tentativa de "excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade", segundo o site da Câmara.
Ser excluída do debate, como aconteceu com Sâmia, é considerada uma violência política de gênero, além das interrupções constantes.
No plenário, a violência política de gênero ocorre quando mulheres não são indicadas como titulares em comissões ou líderes em seus partidos ou bancadas.
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