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Junho de 2013 levou ao impeachment de Dilma e a Bolsonaro, diz Tarso Genro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/06/2023 18h09

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), avaliou que as manifestações de junho de 2013 foram responsáveis por transformar o cenário político do país, ao ponto de "descambar" no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e de fazer com que o então deputado Jair Bolsonaro (PL) fosse eleito presidente da República em 2018.

No UOL Entrevista, comandado por Leonardo Sakamoto, Genro ponderou que as mobilizações ocorridas há 10 anos, espelhadas em movimentos internacionais, podem ter começado de forma espontânea, mas que foram apropriadas por grupos de direita e de extrema-direita a fim de estabelecer suas pautas no país.

Houve um ascenso extraordinário da extrema-direita organizada, de forma articulada nas redes sociais internacionais, que deram esse sentido, e em São Paulo este foi o sentido principal".

Para o petista, uma das armas utilizadas foi justamente promover o sentimento de rejeição aos partidos e à política, "enquanto, na verdade, as lideranças que estavam trabalhando nos movimentos, financiadas, estavam participando para formar seus próprios partidos, e todos eles entraram [em alguma legenda] ou formaram [suas próprias siglas], associadas à direita ou à extrema-direita, organizações de natureza fascistas, que foram desembocar não só no impeachment da presidente Dilma, mas que depois desembocaram na eleição do Bolsonaro".

Bolsonaro soube aproveitar sentimento de rejeição à política, diz professor

Para o professor de Gestão de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo), Pablo Ortellado, o ex-presidente Jair Bolsonaro soube aproveitar bem o sentimento de rejeição à política tradicional para conseguir se popularizar.

O Bolsonaro, embora seja um político antigo, tinha postura que não respeitava a liturgia do cargo, sempre foi um político diferente, e ele soube explorar muito bem esse sentimento de rejeição da política tradicional".

Ortellado disse que, ao realizar em 2015 uma pesquisa com manifestantes que rejeitavam políticos de esquerda ou de direita, Bolsonaro era o melhor avaliado entre esse público.

"Então, foi percebido que esse caráter muito ansistêmico, muito agressivo do Bolsonaro de mandar tudo para os ares, isso combinava com essa disposição rebelde de junho, e acho que várias forças de direita perceberam isso, e a candidatura do Bolsonaro foi sendo construída aí no decorrer desse período de 2016 a 2018, e vira um tsunami político", destacou.

"O Bolsonaro é um político que é impossível a gente concebê-lo no poder antes de junho de 2013. Então, obviamente, [essas manifestações] criam o clima político no qual é possível pensar em Bolsonaro enquanto presidente da República"

Veja a íntegra do programa: