Topo

Vasques foi negligente e deu suporte para tentativa de golpe, diz senador

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/06/2023 19h32

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou durante entrevista ao UOL News desta terça-feira (20) que o ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques deu suporte para tentativas do golpe enquanto comandava a corporação. Em depoimento na CPI que apura os atos golpistas de 8 de janeiro, Vasques negou que o órgão tenha tentado atrapalhar as eleições de 2022.

Ele participou de tudo, de todos os eventos onde se tramou, que a cada dia que passa a gente vê as revelações da quebra de sigilo do coronel Cid que vai revelando que houve toda uma organização para justificar o golpe. E o Silvinei Vasques participou de todo o processo de preparação e mobilização".

O senador acusou Vasques de ter prevaricado por não ordenar que as rodovias que estavam bloqueadas fossem desobstruídas.

Rodovias que, em alguns casos, não tinha ninguém parado, não tinha gente. Era uma barreira de fogo e a polícia não interveio. Então, houve uma negligência e uma leniência do Silvinei como diretor da PRF depois do dia 30 de outubro, com todas as barreiras que foram criadas no Brasil".

"Ele participou de todo esse processo, durante a eleição e depois da eleição. Ele deu suporte para a tentativa do governo impedir que o eleitor chegasse, porque apostavam na abstenção do eleitor, e apostaram depois em uma crise em função da derrota do Bolsonaro que justificasse um estado de sítio. Ele participou da orquestração de tudo isso", finalizou.

CPI do 8/1 terá mais embates por imaturidade da nova geração de deputados, diz Rogério de Carvalho

O senador Rogério Carvalho também foi questionado a respeito dos embates que vem sendo travados na CPI que investiga os atos golpistas. Hoje, a CPI chegou ser interrompida após uma discussão entre a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) e o deputado bolsonarista Éder Mauro (PL-PA).

Segundo Rogério Carvalho, a tendência é a de que essa CPI tenha ainda mais embates do que a CPI da Covid. O senador culpou alguns deputados pelos problemas.

Essa geração de deputados, que estão na casa entre os 20 e 30 anos, tem hormônio demais, talvez, e pouca maturidade para lidar com contraditório".

"Não conseguem ter uma reflexão e ser abertos a um diálogo mais construtivo. O que vai ter? Vai ter confronto. Não existe espaço para divergência, espaço apara um debate mais profundo", completou.

Balbúrdia na CPI de 8 de janeiro é tanta que até dá saudades do senador Heinze, diz Chico Alves

O colunista do UOL Chico Alves concordou com o prognóstico do senador Rogério Carvalho de que essa CPI deve ter mais embates do que a da covid-19. O colunista lembrou a importância dessa CPI para revelar os responsáveis por um momento tão delicado para a democracia brasileira.

Parece um pesadelo quando a gente recorda aquela multidão se movendo e entrando nos palácios, os prédios-sede dos Poderes da República, parecia que a democracia do Brasil naquele momento iria para o espaço. Ainda bem que as instituições resistiram, e a CPI poderia assumir um papel muito importante apurando as responsabilidades, tem muita gente presa, mas a CPMI está ali para mostrar a responsabilidade de personalidades mais graúdas".

Chico Alves citou a participação de alguns deputados que vão até a CPI apenas para tumultuar e afirmou que chega a sentir falta do senador Luis Carlos Heinze, do PP, que defendia o uso da cloroquina durante a CPI da Covid.

Pode ser que, apesar de tudo, a gente tenha algum resultado, mas certamente os parlamentares vão conseguir muito menos do que se fosse uma CPI com pelo menos o nível de civilidade da CPI da Covid. A gente chega a sentir saudades do senador Heinze, que falava em cloroquina e coisas completamente disparatadas, mas pelo menos em tom mais civilizado".

Chico: Liberação de emendas não favorece políticas públicas nem resolve problemas do país

O colunista Chico Alves também comentou a reportagem da Folha que aponta que o governo Lula destravou emendas herdadas do governo Bolsonaro e agora mira reduto de alguns ministros. Para Chico Alves, a liberação dessas emendas não favorece políticas públicas.

A liberação de verbas de emenda parlamentar é legal, quando não é secreta, como estava sendo feita até pouco tempo. Quando o destinatário da emenda e o valor não ficam sob sigilo, ok, isso está previsto na legislação".

"O grande problema é esse, se você pega um montante gigantesco do orçamento público e fica investindo ou repassando para alguns setores do governo sob indicação de deputados sem fazer diagnóstico de prioridade, qual a área, ministério que precisa de mais recursos, isso fica muito solto, você não tem uma política pública digna do nome", completou.

Após tentar se aproximar de Lula, Aras volta a ser Aras, diz Chico Alves

O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, barrou um inquérito civil de improbidade conduzido na primeira instancia do MP em Alagoas para apurar suspeitas de irregularidades envolvendo emendas parlamentares do presidente da Câmara, Arthur Lira. Para o colunista do UOL Chico Alves, a decisão mostra que "Aras volta a ser Aras".

Augusto Aras, que vinha mudando um pouco sua forma de agir, a gente viu a omissão dele completa durante os quatro anos de barbaridades cometidas pelo presidente Bolsonaro, ele, terminado o governo passado, começou a dar alguns sinais de que tomaria algumas providências surpreendentes. Ele chegou a tomar algumas medidas que foram um pouco mais duras contra Bolsonaro e os interesses de Bolsonaro, e muita gente atribuiu isso ao interesse de Aras em tentar se manter no cargo mesmo no governo Lula".

Contudo, Chico Alves afirmou que a manutenção de Aras como procurador-geral da República é algo completamente fora de cogitação.

O Lula seria uma pessoa completamente fora de órbita se fizesse isso. Iria contra todos seus aliados, já que a atuação de Aras durante o governo Bolsonaro foi lamentável".

"Desiludido com essa impossibilidade de ter um cargo de destaque mais a frente, Aras voltou a ser Aras", finalizou.

***

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em três edições: às 8h, às 12h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 18h, com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: de segunda a sexta, às 8h, às 12h e 18h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: