Na Record, Lula critica Bolsonaro e Guedes e diz que Zanin não é seu amigo

O presidente Lula (PT) atacou o governo de Jair Bolsonaro (PL), em entrevista à TV Record exibida na noite dessa quinta-feira. O petista não citou nominalmente o ex-presidente, mas fez críticas a ele, ao ex-ministro da Economia Paulo Guedes e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O que aconteceu

Apesar da proximidade da emissora com o público bolsonarista, Lula não poupou críticas à gestão anterior. O dono da emissora, o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, declarou no ano passado apoio a Bolsonaro nas eleições. Foi exibida uma entrevista de 30 minutos do presidente ao Jornal da Record.

Lula afirmou que Bolsonaro "incitava o povo a atacar a Suprema Corte". Segundo ele, as instituições deixaram de ser respeitadas no governo do antecessor.

Lula falou que hoje "há um certo ar de tranquilidade e volta da esperança" no país. "A gente não faz fake news desrespeitando governador, prefeito, Suprema Corte", disse, em mais uma crítica a Bolsonaro.

Nós acabamos de ter um presidente que ofendia a Suprema Corte. Que incitava o povo a atacar a Suprema Corte. Ministro da Suprema Corte não podia ir no restaurante, não podia levar a sua família. Eu conheço ministro que foi ofendido no seu casamento. Quer dizer: onde é que a gente vai parar se as instituições não forem respeitadas?
Lula, em entrevista ao Jornal da Record

"Zanin não é meu amigo"

Lula negou ser amigo pessoal de Cristiano Zanin, seu indicado para ser ministro do STF. A posse deve acontecer em agosto.

O petista afirmou que nunca precisou de um favor pessoal na Corte, porque não fez nada de errado.

E posso dizer que eu nunca vou precisar de um favor pessoal do Zanin, porque eu nunca vou fazer nada errado. Quando eu tiver que falar alguma coisa para o Zanin, é o Estado brasileiro falando com um ministro da Suprema Corte. Jamais será o Lula pessoal pedindo um favor a alguém, a quem quer que seja. Esse é o meu comportamento e isso vai perdurar.

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Lula criticou a operação Lava Jato. Ele afirmou que desejou apenas um julgamento justo de seus processos no STF devido à atuação da "quadrilha liderada pelo Dallagnol", mas que não buscou favorecimento.

Quando houver o comportamento que houve, que uma quadrilha que foi montada no Ministério Público liderada pelo Dallagnol, quando houver isso, aí você vai pedir um julgamento justo da Suprema Corte. Mas favor pessoal eu nunca vou pedir.

Alfinetadas em Guedes e Campos Neto

Para Lula, o ex-ministro Paulo Guedes "destruiu a economia desse país". Segundo o petista, o mercado financeiro "não teve coragem de brigar" com o governo passado, apesar do mau desempenho econômico dos últimos anos.

O presidente minimizou a satisfação do mercado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo Lula, "o povo da Faria Lima nunca gostou do PT" e Haddad não foi nomeado para atender aos interesses do setor.

Lula voltou a criticar Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro ao Banco Central. Ele questionou "a serviço de quem" está o BC ao manter a taxa básica de juros em 13,75%.

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Com todo respeito que eu possa ter ao chamado mercado financeiro, mais conhecido como povo da Faria Lima, esse povo nunca gostou do PT [...]. Esse povo não teve coragem de brigar quando o Guedes destruiu a economia desse país. O Haddad não foi indicado para eles, mas para resolver a vida do povo pobre desse país.

E a reforma ministerial?

"Não é reforma, é apenas acomodação de partidos". Questionado sobre uma possível reforma ministerial, o presidente disse que são mudanças para dar espaço a siglas que ficaram fora e querem participar do governo. "É a coisa mais natural", ressaltou.

A ministra Daniela não devia ter saído do partido [União Brasil]. Conversei com a Daniela e está tudo bem.

"Não estou tirando mulheres demais." A saída de outras ministras é apenas "especulação", declarou o petista, em relação às informalões de bastidores sobre novas trocas na Esplanada, como a saída de Ana Moser (Esporte) e Esther Dweck (Inovação e Gestão).

Eventuais mudanças, segundo Lula, acontecerão apenas em agosto depois do recesso parlamentar. "Só vai acontecer quando eu quiser. Fique de olho no que vou fazer."

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