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Maia: Haddad é competente, mas discordo de que ricos pagam menos impostos

O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia avaliou os primeiros meses de governo Lula durante o UOL Entrevista de hoje, incluindo a intenção do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, de focar na tributação de super-ricos no Brasil —da qual Maia discordou.

Maia, que atua agora como presidente da CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras), que representa bancos e outros órgãos financeiros em articulações com os Poderes, também defendeu a regulamentação do lobby no país como forma de aumentar a transparência nas relações público-privadas.

A entrevista foi conduzida por Fabíola Cidral, apresentadora do UOL, e pelos colunistas Josias de Souza e Chico Alves.

O que disse Maia?

Rodrigo Maia contestou a afirmação de que ricos pagam menos impostos do que os mais pobres e justificou citando as participações dos mais ricos nos investimentos no país.

Esse tese que os mais ricos não pagam impostos... existem distorções, tem setores na economia que pagam poucos impostos em relação a sua participação no PIB, isso é verdade. Mas a tese de que rico não paga imposto não é verdadeira. O dono de empresa não é uma máquina, é um acionista. Quem é dono de ação do banco paga até mais de 34% de imposto. Não gosto desse debate de rico contra pobre.
Rodrigo Maia durante o UOL Entrevista

Mudança deveria focar na renda, e não no regime de tributação, defendeu. Para Maia, não é justo que um trabalhador contratado pela CLT pague a maior alíquota de imposto de renda enquanto uma empresa, sob outro regime, pague 5% ou 7%.

A diminuição na desigualdade na cobrança de impostos acontece com melhoras na "progressividade e acabando com benefícios tributários", mas sem "afastar o investidor", defendeu.

Haddad é mais habilidoso que Paulo Guedes, afirmou Maia. O ex-deputado relembrou dos primeiros meses de articulação com o governo Bolsonaro e com o ex-ministro da Economia da antiga gestão, e avaliou que Haddad tem mais compromisso com a "economia, política e instituições" pela forma que tenta fazer sua agenda econômica ser aprovada.

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Os primeiros 6 meses com Guedes não foram de conflitos. Os conflitos vieram depois da [aprovação da reforma] da Previdência. Dá a impressão de que o Haddad tem mais apetite na articulação e mais competência. Ele não tem a arrogância do Guedes de achar que sabe de tudo, que pode tudo e que nós eramos instrumentos dele.

Maia defende regulamentação do lobby e diz atuar como 'articulador'

À frente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, Rodrigo Maia afirmou que tem papel de "articulador" entre as entidades e os três Poderes. Embora tenha evitado se chamar de "lobista", ele avaliou a atividade como "fundamental" de ser regulamentada.

No caso da indústria financeira, regulamentar o lobby é fundamental porque os bancos têm sistemas de controle muito fortes e fica essa dúvida: quais são os limites? Até onde pode ir? Como dialogar? Quanto mais rápido a gente puder regulamentar o lobby, melhor para todo mundo.

"Lula acertou" em criticar quem atacou Moraes

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Questionado a respeito da declaração de Lula sobre pessoas que teriam ofendido o ministro Alexandre de Moraes na Itália, Rodrigo Maia disse que o presidente acertou ao "vocalizar de forma séria" o assunto — o petista chamou os agora investigados de "animais selvagens".

Ninguém pode ser atacado dessa forma. O ministro Alexandre é do Supremo, tem toda uma proteção que o cidadão comum não tem, e mesmo assim essas pessoas desqualificadas têm a ousadia de continuar agredindo as pessoas. Foi um método usado pelo governo Bolsonaro no passado, de tentar enquadrar as instituições — primeiro foi a Câmara dos Deputados comigo [como presidente], e não tiveram sucesso.

Governo Lula parece não ter interesse em ter maioria na Câmara

Rodrigo Maia, que teve a experiência de articular forças governistas e de oposição, criticou a forma como o governo Lula tem tentado garantir a maioria de votos na casa.

"Essa coisa de criar narrativa em cima do Arthur [Lira] está errada", afirmou, citando o atual presidente da Câmara. Para ele, os interlocutores de Lula tentam culpar Lira quando o assunto também diz respeito à forma como os deputados conduzem os seus mandados —uma grande parte é pautada por obras públicas e entregas locais, e não por proximidade ideológica.

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Tem muita narrativa de tentar culpar os outros, mas não tem interesse — e pode ser legítimo, porque no presidencialimo não precisa — do governo organizar uma maioria na Câmara dos Deputados. No Senado, eu acho que tem. Não tenho dúvida nenhuma que o governo precisa, se quiser continuar legislando, formar maioria.

Assista à íntegra do UOL Entrevista com Rodrigo Maia:

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