Conteúdo publicado há 10 meses

Wassef: Defesa pede acesso a investigação e critica vazamentos de conversas

A defesa de Frederick Wassef pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, acesso à investigação na qual o advogado foi alvo de busca e apreensão por duas vezes neste mês.

O que aconteceu:

Os advogados Eduardo Carnelós e Roberto Garcia afirmam que uma das ações da Polícia Federal ocorreu na casa de Wassef, sem sua presença, e a outra, sem o acompanhamento de um representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o que é exigido por lei em caso de operações contra advogados.

Eles argumentam que, "apesar do sigilo exigido", conversas presentes nos quatro celulares do advogado foram divulgadas pela imprensa. A PF aprendeu os aparelhos durante a segunda ação contra Wassef, em 17 de agosto, enquanto ele jantava em um restaurante na capital paulista.

Ainda, os defensores afirmam não saberem quais os fatos apurados pela investigação, já que "os mandados expedidos não indicam quais" seriam eles. Carnelós e Garcia citam que Wassef teve acesso "apenas [...] transcrição de trecho de mensagem que teria sido extraído do aparelho telefônico de Mauro Cid", divulgada pela imprensa.

Mencionando ainda matérias jornalísticas, os advogados dizem que Wassef seria intimado a depor à PF no dia 31 de agosto, assim como Bolsonaro, Michelle e Mauro Cid, mas informam que ele ainda não recebeu nenhuma intimação.

Por fim, os advogados afirmam que "Frederick Wassef não praticou nem concorreu para a prática de crimes de peculato e/ou lavagem de capitais" e que ele está à disposição de Moraes, PF e do MPF (Ministério Público Federal) para prestar esclarecimentos.

Considerando, porém, sua condição de alvo de medidas constritivas e, portanto, de investigado, o Peticionário requer seja deferida vista dos autos aos seus defensores (incluindo apensos e anexos a eles relativos), a fim de que eles possam identificar os elementos dos autos sobre os quais Wassef poderá se manifestar, explicando sua eventual participação em fatos, o que haverá de pôr cobro em qualquer dúvida que possa haver sobre condutas suas.
Eduardo Carnelós e Roberto Garcia, defensores de Frederick Wassef

Relembre o envolvimento de Wassef

Em 11 de agosto, uma operação da PF cumpriu mandados de busca e apreensão nos endereços residenciais do general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid e de Wassef, mas não localizou o advogado. O esforço investiga desvios de joias e outros itens por Mauro Cid, filho do general da reserva e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

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Depois, ele foi alvo de busca e apreensão durante jantar um dia após confirmar que comprou, nos Estados Unidos, o Rolex que foi dado de presente ao ex-presidente Bolsonaro e vendido pelo seu então ajudante de ordens Mauro Cesar Cid.

"Comprei o relógio, a decisão foi minha, usei meus recursos, eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos", falou o advogado para jornalistas em 15 de agosto. Ele também afirmou ter "conta aberta nos Estados Unidos", em um banco de Miami.

"O meu objetivo quando comprei esse relógio era exatamente para devolvê-lo à União, ao governo federal do Brasil, Presidência da República, e isso inclusive por decisão do Tribunal de Contas da União", completou.

Wassef negou dar detalhes sobre para quem ele entregou o Rolex: "Não vou falar, não posso falar. Quem solicitou não foi Jair Bolsonaro, e não foi o coronel Cid".

Recompra de Rolex nos EUA

A PF constatou que o relógio, integrante de um kit de joias sauditas recebidas por Bolsonaro em uma viagem oficial em 2019, foi vendido nos Estados Unidos e recomprado por um preço mais alto após o TCU (Tribunal de Contas da União) ordenar a devolução dos presentes que o ex-presidente ganhou.

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Segundo a PF, Wassef entrou no esquema de recompra de bens, como relógios, para devolvê-los, após a determinação do TCU sobre as joias dadas a Bolsonaro. Já o pai de Cid teria auxiliado na venda desses itens e emprestado sua conta bancária no exterior para recebimento dos valores dessas transações.

Os investigados são suspeitos de usar a estrutura do governo brasileiro "para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior", conforme a PF.

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