Ministro aciona AGU contra Nikolas por fake news e cita Moro como próximo
O ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos e da Cidadania) acionou a AGU (Advocacia-Geral da União) ontem (22) contra os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Filipe Barros (PL-PR) por divulgarem informações falsas sobre obrigatoriedade de banheiro unissex no Brasil.
O que aconteceu
Na tarde de ontem, os deputados bolsonaristas divulgaram vídeos em suas redes sociais que diziam infundadamente que o governo Lula (PT) "instituiu" banheiros unissex em escolas brasileiras. As postagens viralizaram e foram repercutidas por outros parlamentares, como o senador Sergio Moro (União-PR).
As postagens se baseiam em uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ — um colegiado que reúne integrantesdo governo federal e da sociedade civil, na mesma proporção.
O texto propõe diretrizes para escolas quanto ao reconhecimento e adoção do nome social dos estudantes — também sugere parâmetros para a "garantia das condições de acesso e permanência de pessoas travestis, mulheres e homens transexuais, e pessoas transmasculinas e não binárias" em instituições de ensino públicas e privadas.
A resolução propõe ainda "o uso de banheiros, vestiários e demais espaços segregados por gênero, quando houver, de acordo com a identidade e/ou expressão de gênero de cada estudante". De acordo com o texto, sempre que possível, a escola deve instalar banheiros de uso individual, independente de gênero.
No ofício enviado à AGU, Almeida desmente tenha havido a instituição de banheiros unissex e diz que o conselho é autônomo e não responde ao governo federal. "Ao contrário do que alegam os parlamentares, não há banheiros unissex; há, sim, banheiros individuais", afirma o documento.
Trata-se de divulgação de fake news que claramente tem como objetivo provocar o pânico moral e expor ainda mais as pessoas LGBTQIA+ ao ódio e à repulsa social provocada pelo preconceito e pela discriminação.
Ministro Silvio Almeida, em ofício enviado à AGU
A Secom (Secretaria de Comunicação Social) também negou as informações, por meio de nota. "Diferentemnete do que está sendo propagado por peças de desinformação, o documento não possui caráter legal ou de obrigatoriedade nem cita banheiros unissex", diz o governo.
Em nota, a AGU afirma que os deputados divulgaram informações "deliberadamente falsas" e que determinou à PNDD (Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia) que "analise o caso para a tomada de todas as medidas extrajudiciais e, eventualmente, judiciais cabíveis".
O UOL procurou Nikolas e Barros neste sábado, mas ainda não obteve resposta
Quem usa a mentira como meio de fazer política, incentiva o ódio contra minorias e não se comporta de modo republicano tem que ser tratado com os rigores da lei. É assim que vai ser.
Ministro Silvio Almeida, nas redes sociais
Moro na mira do ministro
Em postagem no X (antigo Twitter), Almeida disse ainda que "serão tomadas as providências" contra "um sujeito que já teve seu mandato cassado por desrespeitar mulheres de um país em guerra e outro, um senador da República que quando juiz de direito envergonhou o Poder Judiciário" — referindo-se a deputado cassado Arthur do Val e o senador Sergio Moro.
Em uma postagem, o ex-juiz diz que Lula "impôs banheiros unissex para todas as escolas públicas do país". Procurado pelo UOL, o senador disse não ter visto a manifestação do ministro nas redes sociais.
Serão também tomadas providências contra outros propagadores de Fake News, dentre os quais um sujeito que já teve seu mandato cassado por desrespeitar mulheres de um país em guerra e outro, um Senador da República que quando juiz de direito envergonhou o Poder Judiciário.
-- Silvio Almeida (@silviolual) September 23, 2023
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Quero receberBanheiros unissex não foram instituídos em escolas
Diferentemente do que foi divulgado, não houve instituição de banheiros unissex em nenhum local, tampouco a resolução do conselho tratava disso. No texto, o conselho aponta para a garantia de uso de banheiros de acordo com gênero de acordo com a identidade de gênero de cada estudante.
Não há decreto, ordem emanada de autoridade superior que determine o cumprimento de resolução sobre o tema. A resolução apenas formula orientações quanto ao reconhecimento institucional da identidade de gênero e sua operacionalização. [...] O documento também se ocupa de medidas que minimizem o risco de violência e discriminações, dentre elas a adoção de banheiros de uso individual, independente de gênero, para além dos já existentes masculinos e femininos nos espaços públicos.
Secom, por meio de nota
Segundo o governo, a resolução também orienta pais e responsáveis pela efetivação de denúncia junto aos órgãos de proteção de crianças e adolescentes "nessas eventualidades".
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