PF vê crimes de General Girão em posts que incitavam tentativa de golpe

A Polícia Federal concluiu inquérito contra o deputado federal General Girão (PL-RN) e disse que há indícios de que o parlamentar cometeu crimes ao incitar, pelas redes sociais, que manifestantes cometessem uma tentativa de golpe. O relatório foi encaminhado hoje ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O que alega a PF

O inquérito contra o parlamentar foi instaurado em julho a pedido da PGR e da própria Polícia Federal. Os agentes analisaram publicações feitas por Girão para supostamente promover a animosidade das Forças Armadas contra os demais Poderes entre novembro de 2022 e janeiro de 2023.

Em uma das publicações, o deputado disse: "Casa do Povo pertence ao povo. O Brasil pertence aos brasileiros. A justiça pertence a Deus. #Vamos Vencer".

Girão também esteve em um acampamento à frente do 16º Batalhão de Infantaria em Natal (RN), no dia 19 de dezembro do ano passado. O deputado disse aos manifestantes que Lula não poderia sequer disputar as eleições por ser "ficha suja" e fez críticas ao sistema eleitoral.

Para a PF, a postura do deputado demonstra que ele reconheceu como "legítimo" o movimento que contestava o resultado das eleições e pedia a intervenção das Forças Armadas. "Estimulando as pessoas a permanecer concentradas em frente aos quartéis pressionando por essa intervenção", prosseguiu a PF.

A PF diz que há "elementos suficientes" para a formação de convicção que Girão cometeu crimes, e por isso envia as conclusões para o Judiciário e o Ministério Público adotarem as medidas que considerarem necessárias. Cabe à PGR dizer se vai ou não denunciar o parlamentar.

Diante da atividade recente do representado nas redes sociais e no desempenho de seu mandato, fica clara a continuidade da conduta do representado de acusar a existência de fraude no processo eleitoral e a desonestidade do Poder Judiciário e seus membros, de modo a incitar seus seguidores a protestar por intervenção das Forças Armadas
Polícia Federal, em relatório enviado ao Supremo

Em depoimento, General Girão negou que suas publicações tenham tido intenção de ser um "chamado ou incentivo para o povo provocar uma ruptura institucional", e que apenas exprimia a sua opinião sobre os fatos como um parlamentar.

"Não estava se referindo a qualquer tipo de tomada de poder violenta pelo povo", diz trecho do depoimento de Girão. "Ao longo dos 36 anos em que esteve nas Forças Armadas jurou a defesa da pátria, dos poderes constituídos e obediência às leis vigentes".

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Girão também disse que não financiou ou auxiliou os acampamentos em frente aos quartéis. O UOL busca contato com a defesa do deputado

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