Bolsonaro diz que pagou R$ 72 mil em condenação por ataques a jornalistas
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nas redes sociais, que pagou R$ 72 mil após ser condenado na Justiça por ataque a jornalistas. A ação de dano moral coletivo foi movida pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e foi concluída em outubro — ou seja, o processo transitou em julgado e não cabe recurso.
O que aconteceu:
No X (antigo Twitter), Bolsonaro disse que fez o pagamento R$ 72.551,74.
O valor da indenização deve ser revertido para o Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos.
O ex-presidente ainda declarou que a "Justiça entendeu que eu deveria ser condenado porque atentei, durante o meu mandato, contra a imagem e honra dos profissionais de imprensa".
Bolsonaro assinou a nota e não deu mais detalhes, e nem teceu mais comentários acerca da condenação.
- Decisão Judicial / MULTA:
-- Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 13, 2023
- Paguei hoje R$ 72.551,74 ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.
- A Justiça entendeu que eu deveria ser condenado porque atentei, durante o meu mandato, contra a imagem e honra dos profissionais de imprensa.
- Jair?
O caso:
O novo valor foi determinado quando o processo passou pela 2ª instância, que manteve a condenação original e reduziu o valor da indenização, originalmente de R$ 100 mil. A decisão foi tomada na 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de SP em maio de 2023.
Como Bolsonaro não recorreu, ação transitou em julgado.
A ação foi originalmente aberta em 2021 pelo Sindicato, que exigia, na época, o fim das ofensas contra os profissionais de imprensa.
O valor da indenização será revertido para o Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos.
Relembre o caso
Na condenação em primeira instância, a juíza Tamara Hochgreb Matos, da 24ª Vara Cível de São Paulo, considerou que Bolsonaro abusou do direito à liberdade de expressão para ofender profissionais de imprensa.
As ofensas se deram "de forma absolutamente incompatível com a dignidade do cargo" de presidente, "sob alegação de que essa liberdade lhe outorgaria, enquanto instrumento legal e necessário ao livre exercício da liberdade pessoal do Chefe do Poder Executivo Federal, verdadeiro salvo-conduto para expressar as suas opiniões, ofensas e agressões", argumentou a juíza.
Tais agressões e ameaças vindas do réu, que é nada menos do que o chefe do Estado, encontram enorme repercussão em seus apoiadores, e contribuíram para os ataques virtuais e até mesmo físicos que passaram a sofrer jornalistas em todo o Brasil, constrangendo-os no exercício da liberdade de imprensa, que é um dos pilares da democracia.
Juíza Tamara Hochgreb Matos, da 24ª Vara Cível de São Paulo
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Quero receberA juíza também mencionou declarações homofóbicas e misóginas de Bolsonaro contra jornalistas, como a de que "mulheres somente podem obter um furo jornalístico se seduzirem alguém", além de "comentários xenófobos, expressões vulgares e de baixo calão", e apontou que o então presidente ameaçou jornalistas e incentivou seus apoiadores a agredi-los.
Pela declaração sobre mulheres jornalistas, dirigida à jornalista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello, Bolsonaro também perdeu na justiça. Ele foi condenado a indenizar a jornalista em R$ 35 mil.
*Com informações da Deutsche Welle
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