Audiência sobre Sabesp: PM separa disputa entre MBL e sindicatos na Alesp

A privatização da Sabesp foi tema de uma audiência pública com torcidas contra e a favor da medida nesta quinta-feira (16), na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo)

O que acontece

Sindicalistas e membros do MBL (Movimento Brasil Livre) ficaram em lados opostos. Ao fim de sua fala, Natália Resende, secretária estadual de meio ambiente, infraestrutura e logística, foi aplaudida pelos apoiadores da privatização e vaiada por aqueles que se opõem à medida.

O deputado estadual André do Prado (PL), presidente da Casa, teve que intervir para acalmar os ânimos. A polícia chegou a distribuir pulseirinhas azuis e roxas aos apoiadores e vermelho e laranja para os opositores.

Dentro do auditório, policiais militares separavam as duas torcidas. Em alguns momentos, chegou a haver oito PMs entre os dois grupos. Com capacidade para 240 pessoas, o salão estava lotado e os presentes se estranharam em alguns momentos.

Alesp montou esquema de segurança para audiência. Enquanto os apoiadores da privatização eram orientados a entrar no prédio pela entrada principal, em frente ao Ibirapuera, o acesso dos opositores da venda da empresa foi direcionado à entrada localizada do lado oposto da construção.

Enel volta a ser lembrada

Secretária e sindicalista falam de concessionária de energia. Para Natália, a operação da empresa não pode ser comparada a da Sabesp, por ter sido concessionada em termos diferentes e estar mais sujeita a problemas gerados por questões climáticas. Já Faggian destacou a dificuldade que prefeitos relatam ter em se comunicar com a empresa para informar sobre falhas.

Um vendaval no ultimo dia 3 afetou a rede aérea operada pela Enel e deixou milhares de pessoas sem luz na cidade de São Paulo e outros pontos do estado.

Secretária reforçou que privatização potencializaria investimentos. Segundo Natália, os planos de venda de parte das ações da empresa preveem o aumento dos investimentos até 2029 dos atuais R$ 31,2 bilhões para R$ 66 bilhões — além de permitir a redução da tarifa cobrada pelos serviços.

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Presidente do sindicato dos funcionários da Sabesp questionou benefícios da privatização. Segundo José Faggian, a venda de ações de empresas do setor para iniciativa privada sempre se reflete em aumento da tarifa e piora na qualidade do serviço.

Deputado disse que Sabesp faz "serviço porco" e colega rebateu. A crítica à empresa foi feita por Guto Zacarias (União Brasil), que apoia a privatização, durante sua participação na audiência. "Porco é o que está acontecendo no Rio de Janeiro", devolveu o deputado Emídio de Souza (PT), que se opõe à venda de ações, durante sua fala na tribuna.

O que dizem os envolvidos?

A gente está satisfeito com a situação da Enel? Não estamos. Agora, é muito diferente o caso deles do que está acontecendo no nosso processo
Natália Resende, secretária de meio ambiente, infraestrutura e logística

Não há nada que justifique que se privatize uma empresa que é um patrimônio do povo paulista. Não podemos permitir que a Sabesp vire uma nova Enel
José Faggian, presidente do Sintaema (Sindicato dos trabalhadores em água, esgoto e meio ambiente do estado de São Paulo)

O PL que está aqui nesta casa autoriza a venda da Sabesp sem parâmetros, sem metas. É um cheque em branco
Amauri Polachi, conselheiro do Ondas (Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento)

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