Cardozo: Lewandowski manter Cappelli sem absoluta confiança seria desastre
Ricardo Lewandowski só deveria manter Ricardo Cappelli como secretário-executivo da Ministério da Justiça se tivesse confiança absoluta nele; do contrário, seria um desastre, disse o ex-ministro José Eduardo Cardozo em entrevista ao UOL News nesta quinta (11).
Se eu sou o ministro, não deixo na secretaria executiva uma pessoa na qual não tenha a mais absoluta confiança. O Cappelli mostrou-se muito competente, mas tem que ser alguém da minha relação pessoal. É ele quem vai assinar meus contratos.
Se o Lewandowski tiver essa relação com o Cappelli, perfeito. Se não tiver, eu não aceitaria isso. Um ministro aceitar um secretário-executivo, que é o segundo homem do ministério, com quem não tenha convivência, é um desastre. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça.
Cappelli afirmou a aliados que não está disposto a continuar na pasta caso Lewandowski decida 'rebaixá-lo' do atual cargo.
Cardozo classificou como acertada a decisão de Lula de nomear Lewandowski como substituto de Flávio Dino. Ele considera como imensos os desafios do novo ministro da Justiça —sobretudo na área da segurança pública, na qual, segundo o ex-ministro, "a União pode muito pouco do ponto de vista institucional".
Dentre as opções existentes, a escolha por Lewandwski foi absolutamente acertada. É um homem que tem uma visão e experiência imensas na área jurídica e em todos os aspectos que podem ensejar uma intervenção do ministro da Justiça.
É uma pessoa ponderada, um humanista que tem vivência na área executiva antes de ser magistrado, com uma formação jurídica muito sólida. Os desafios que ele terá pela frente serão imensos. José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça.
Corbo: Ida a ministério não traz ganho pessoal a Lewandowski
Ao assumir o cargo de ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski não tem um grande ganho pessoal, afirmou Wallace Corbo, professor de Direito da FGV-Rio. Sobre o desafio que Lewandowski terá com a questão da segurança pública, Corbo avaliou que o novo ministro pode trazer "uma visão interessante",
Alguém que se aposentou como ministro do Supremo e vira ministro da Justiça não é um grande ganho financeiro e psicológico porque o desgaste é muito grande. Não veria essa ida como algum tipo de ganho pessoal, se não algum tipo de contribuição que o ministro acredita que possa realmente fazer. Wallace Corbo, professor de Direito da FGV-Rio
Corbo: Capelli adotou nos últimos meses negacionismo em favor das polícias
Corbo ressaltou que, apesar do papel destacado na condução das investigações dos atos golpistas, Ricardo Cappelli "adotou negacionismo em favor das polícias". Para o professor, a postura do secretário-executivo do Ministério da Justiça contrasta com a de Lewandowski.
Cappelli teve importância inegável no contexto de resistência aos atos antidemocráticos. Mas o discurso dele nos últimos meses era de negacionismo científico em favor das polícias. É uma lógica de aproximação no conteúdo ideológico e isso não necessariamente é o mais vinculado à ideia de ampliação dos direitos fundamentais. Wallace Corbo, professor de Direito da FGV-Rio
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