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Ramagem nega uso de software de espionagem: 'Salada de narrativas'

Do UOL, em São Paulo

25/01/2024 17h47Atualizada em 25/01/2024 18h42

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), negou que utilizou o sistema de espionagem do órgão durante o governo Bolsonaro.

O que aconteceu

Ramagem disse que nem ele, nem os policiais federais que o acompanhavam acessaram o FirstMile, em entrevista à GloboNews. "Nós da direção da PF, os policiais federais que estavam comigo, nunca tivemos a utilização, execução, gestão ou senha desses sistemas", afirmou.

O diretor responsável pela gestão dos sistemas foi exonerado após se negar a informar como trabalhava com a ferramenta, segundo Ramagem. "Quando se negaram a me informar como eles estavam trabalhando com a ferramenta, eu exonerei esse diretor, que era o chefe dessa ferramenta, e encaminhei todo o procedimento para a corregedoria", acrescentou.

O atual deputado federal chamou a operação da Polícia Federal sobre o caso de "salada de narrativas". "O que nós vemos é uma salada de narrativas, inclusive antigas, já superadas, colocadas para imputar negativamente, criminalmente no nome da gente sem qualquer conjunto probatório", disse.

O ex-diretor da Abin também disse que não devolveu os aparelhos da Abin encontrados com ele porque achou que fossem da PF. "Computador antigo, telefone antigo, sem nenhuma utilização há anos. Sem ter qualquer relação com a Abin, sem ter contato com sistema da Abin", destacou.

Ramagem ainda afirmou que tem "amigos" na Abin, mas negou que receba informações relacionadas às atividades da agência.

Ramagem não compareceu a depoimento

Ramagem avisou aos investigadores que só vai comparecer quando tiver acesso ao material obtido pela PF. Até que isto ocorra, ele não vai responder as perguntas dos agentes, informou sua assessoria de imprensa.

Seu depoimento estava marcado para 11h, na sede da PF, em Brasília. A corporação não se manifestou sobre a ausência do deputado. Ele comandava a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo de Jair Bolsonaro.

Segundo a investigação, ele teria montado uma espécie de "Abin paralela" e usado um programa espião para monitorar autoridades. O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia disse que desconfiou que era vigiado. Outros alvos seriam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Haveria uma tentativa de vincular a dupla de ministros ao PCC.

Também é apurado o uso desta Abin paralela para beneficiar filhos do ex-presidente. Jair Renan teria recebido orientações a respeito de uma investigação na qual era alvo por ter relações com empresas que buscavam contratos com o governo federal.

Já o senador Flávio Bolsonaro teria recebido informações sobre funcionários da Receita Federal. Na época, ele era investigado por suspeita de rachadinha quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.

Flávio negou e chamou a ilação de absurda. "É mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida. Isso é um completo absurdo", declarou por meio de nota.

Operação da PF

A PF cumpriu hoje mandados de buscas e apreensão contra o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem. Hoje ele é deputado federal. Outros ex-integrantes da sua gestão no governo Bolsonaro também foram alvos da corporação.

Buscas foram realizadas no gabinete de Ramagem na Câmara. Endereços residenciais dele, assim como outros locais, também estiveram entre os alvos.

Ao todo, foram cumpridos 21 mandados, além de medidas cautelares diversas de prisão. Sete agentes da PF também tiveram pedido de suspensão imediata de funções públicas. As buscas foram realizadas em Brasília, Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, classificou a operação como perseguição. Deputados de oposição adotaram a mesma linha e afirmaram que a Polícia Federal está a serviço do governo Lula (PT) e contra a direita.

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