Operação contra Bolsonaro e aliados repercute na imprensa internacional
A imprensa internacional destacou a operação da Polícia Federal contra Bolsonaro e aliados deflagrada na manhã de hoje que investiga uma tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder.
O que aconteceu
O The Washington Post veiculou a notícia e destacou que aliados de Bolsonaro também eram alvos. O jornal também cita a decisão para a entrega do passaporte do ex-presidente em 24 horas.
O La Nación escreveu sobre a operação e disse que a ''tentativa de golpe'' culminou nos atos de 8 de janeiro. O jornal argentino também menciona Valdemar Costa Neto, presidente do PL, como objeto de investigações. Ele foi detido hoje.
O The New York Times cita a operação de hoje e relembra outros atos de Bolsonaro. O jornal mencionou os ataques do ex-presidente ao sistema eleitoral, a gestão durante a covid-19, a falsificação da carteira de vacinação e o recebimento de presentes de alto valor.
O Clarín cita que a estratégia dos investigados buscava ''legitimar uma intervenção militar''. Além disso, o jornal argentino diz que a Polícia Federal suspeita que o grupo de políticos e militares envolvidos faça parte de uma ''organização criminosa''.
A operação de hoje
Jair Bolsonaro é alvo de busca e apreensão. O mandado foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Os agentes foram até a casa de Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ) para recolher seu passaporte. Como o documento não estava no local, foi dado o prazo de 24 horas para a entrega. O documento já está em poder das autoridades.
Moraes determinou apreensão de documento de Bolsonaro e outros alvos da ação por risco de fuga. "Frustrada a consumação do golpe de Estado [...], identificou-se que diversos investigados passaram a sair do país, sob as mais variadas justificativas (férias ou descanso), como no caso do ex-presidente".
Decisão também proíbe que investigados entrem em contato uns com os outros, inclusive através de advogados. Assim, Bolsonaro não pode falar com antigos e atuais aliados, como os ex-ministros Anderson Torres, Augusto Heleno e Braga Netto, e o ex-assessor Tércio Arnaud.
Celular do ex-assessor Tércio Arnaud foi apreendido. Ele estava em Angra com Bolsonaro.
Ex-assessores são presos
O coronel Marcelo Costa Câmara e Filipe Martins, ex-assessores de Bolsonaro, foram presos na manhã de hoje. A PF também prendeu Rafael Martins de Oliveira, major do Exército.
Ex-ministros de Bolsonaro são alvos de busca e apreensão. Entre os nomes estão Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também é alvo da PF e foi preso.
A PF cumpre hoje 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares. O Exército acompanha o cumprimento de alguns mandados. Quatro generais 4 estrelas são alvos.
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Quero receberComo era atuação do grupo
Segundo a PF, o grupo se dividiu em núcleos para disseminar informações falsas sobre fraude nas eleições de 2022. A ação aconteceu antes mesmo do pleito para "viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital".
O primeiro eixo trabalhou para construir e propagar a versão de fraude nas eleições. O grupo espalhou mentiras sobre vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação. Segundo a PF, o discurso é repetido pelos investigados desde 2019 e continuou após a vitória do presidente Lula (PT).
O segundo eixo consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito por meio de um golpe de Estado. Segundo a PF, o grupo tinha apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
UOL revelou que Bolsonaro recebeu minuta, segundo Cid
Em setembro de 2023, UOL revelou que Mauro Cid contou, em sua delação premiada, que Bolsonaro recebeu uma minuta de golpe preparada pelo então assessor internacional Filipe Martins, logo após perder as eleições para Lula.
Segundo a reportagem do colunista Aguirre Talento, na ocasião Cid também revelou aos investigadores que Bolsonaro consultou os comandantes das Forças Armadas sobre plano de golpe de Estado. A trama teve apoio do comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, e encontrou resistência dos comandantes da Aeronáutica e do Exército.
Defesa do presidente nega tentativa e golpe
Eles classificaram a apreensão do passaporte de Bolsonaro como "absolutamente desnecessária" e alegaram que o ex-presidente não compactuou "com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam".
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