Empresários negam reunião com Bolsonaro para falar de 'virada de mesa'
Os empresários mencionados em mensagem de voz de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, ao general Freire Gomes, negaram ter participado de reunião com o ex-presidente para tratar de "virada de jogo" do resultado das eleições de 2022.
Em notas enviadas ao UOL, defesas dos empresários disseram que eles nunca trataram de ruptura com o processo eleitoral.
O que aconteceu
Em mensagem de voz obtida pela PF (Polícia Federal), o tenente-coronel Mauro Cid disse ao general Freire Gomes, então comandante do Exército, que os empresários Afranio Barreira (dono da rede de restaurantes Coco Bambu), Luciano Hang (dono das lojas Havan) e Meyer Nigri (fundador da construtora Tecnisa) participaram uma reunião com Bolsonaro no dia 7 de novembro de 2022 para pressionar o então presidente a "virar o jogo" para evitar a posse do presidente Lula e se manter no poder.
Barreira disse, por meio de nota enviada por sua defesa, que estava em Londres no dia da reunião referida por Cid e que nunca conheceu o ex-ajudante de ordens. A defesa do empresário informou que ele saiu do Brasil em 6 de agosto de 2022 para um intercâmbio nos Estados Unidos com a mulher e depois emendou uma viagem pela Europa com os filhos e os netos. Só voltou ao país no dia 1o de abril do ano passado.
A defesa do dono do Coco Bambu disse ainda que ele só esteve com Bolsonaro uma vez, num almoço em agosto de 2020, e desde então não falou mais com o ex-presidente ou seus auxiliares e familiares. "Assim, qualquer alegação do Sr. Mauro Cid (se é que houve) é falsa, e não haverá nenhuma prova de tal acontecimento, pois o mesmo nunca ocorreu", diz a nota.
Nesse período em que esteve em viagem pessoal, reforça, não falou ou esteve com o Sr. Jair Bolsonaro, ou qualquer outro membro do governo. Por fim, o Sr. Afranio Barreira reforça sua defesa ao processo eleitoral do Brasil e de todas suas instituições, reconhecendo de forma plena os resultados das urnas de 2022 Nota da defesa de Afranio Barreira
A defesa de Meyer Nigri também negou por meio de nota a participação do empresário na reunião citada por Cid na mensagem a Freire Gomes. "A referência é absurda. Meyer Nigri nunca pediu e, muito menos, pressionou o ex-presidente Bolsonaro a romper o sistema democrático. Ao contrário, prontamente reconheceu a vitória do presidente Lula", diz a nota.
Já a defesa de Hang afirmou, em nota, que o empresário "jamais sugeriu ou pediu a quem quer que fosse a adoção de medida destinada a atentar contra o ordenamento jurídico e as instituições democráticas". Citou ainda que no dia seguinte às eleições o empresário se manifestou publicamente apoiando o resultado das urnas.
De acordo com as investigações da PF, o objetivo da reunião era pressionar o Ministério da Defesa para que produzisse "um relatório mais duro, contundente" contra a posse de Lula.
Essa reunião aconteceu dias antes de o ex-assessor da Presidência Filipe Martins apresentar a Bolsonaro a minuta de um decreto golpista, em 19 de novembro de 2022. Dias depois, no dia 7 de dezembro de 2022, o ex-presidente apresentou uma nova versão do decreto, já aprovada por ele, aos comandantes das Forças Armadas, segundo a PF.
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