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Bolsonaro usa ato na Paulista para pedir anistia a acusados de golpismo

Em discurso a apoiadores na avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu um projeto de anistia direcionado aos presos do 8/1 e a pessoas investigadas por supostamente tentarem dar um golpe de Estado após as eleições de 2022 —incluindo ele próprio.

O que aconteceu

"Pacificação" e "borracha no passado", diz Bolsonaro ao pedir projeto para Congresso. "Teria muito a falar, tem gente que sabe que eu falaria. O que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É buscar maneira de vivermos em paz, não continuarmos sobressaltados. É, por parte do parlamento brasileiro, uma anistia para os pobres coitados que estão presos em Brasília. Não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos", afirmou em evento realizado neste domingo (25).

Penas aos presos do 8 de janeiro "foge ao mínimo da razoabilidade", afirmou. "Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil. Pedimos um projeto de anistia para que seja feita justiça no Brasil. Quem porventura depredou, que pague, mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade".

Bolsonaro fez uma recapitulação de sua trajetória política em discurso. Ao chegar na disputa eleitoral de 2022, o ex-presidente chamou a derrota de "aquela coisa que aconteceu" e disse "considerar isso uma página virada na história".

Ex-presidente negou que "minuta do golpe" encontrada pela Polícia Federal representasse plano antidemocrático. "Por que continuam me acusando de golpe? Porque agora tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Apesar de não ser golpe estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos".

Sem citar nomes, Bolsonaro disse ser vítima de "perseguição" e afirmou não poder falar o que gostaria. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, não foi citado pelo ex-presidente —os ataques ficaram a cargo do pastor Silas Malafaia, que discursou antes de Bolsonaro.

'Bolsonaro queria dar um golpe'. Escuto isso desde que assumi. Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado, classes empresariais. Isso que é golpe. Nada disso foi feito.
Jair Bolsonaro em discurso na Paulista

Aliados discursaram antes de Bolsonaro com forte tom religioso

Bolsonaro chegou cerca de 14h40 junto ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

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Antes de Bolsonaro, a ex-primeira-dama fez um discurso religioso. Também falou o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), que disse aos parlamentares que comparecer ao ato seria "colocar um alvo gigantesco nas nossas costas", Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador Magno Malta (PL-ES), Tarcísio de Freitas e Silas Malafaia.

Em discurso, Tarcísio destacou "legado de Bolsonaro". Em sua fala, o governador de São Paulo afirmou que o ex-presidente "nunca pegou nada para si" e sempre deu o crédito para quem realizava ações durante sua gestão. "Presidente que sempre respeitou Israel", acrescentou.

Silas Malafaia sugeriu, sem provas, que Lula sabia das invasões no 8 de janeiro. O pastor também atacou Alexandre de Moraes e disse que o ministro do Supremo tinha nas mãos o "sangue" de Cleriston Cunha, preso do 8 de Janeiro que morreu na Papuda.

Calor fez pessoas passarem mal na Paulista

Muitos manifestantes passaram mal durante os discursos devido ao calor . A ocupação principal de manifestantes se concentrou do Masp (Museu de Arte de São Paulo), mas se estendeu pela avenida Paulista. Bolsonaro e convidados discursam em trios elétricos na região do museu. O número estimado de público não foi divulgado.

Faixas sem ataques ao STF e bandeiras de Israel. No local, não foram vistas faixas ou cartazes com ataques ao Supremo ou a qualquer pessoa ou instituição. Há bandeiras do Brasil e de Israel —Bolsonaro subiu com uma no trio.

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Governadores e parlamentares compareceram no ato. Além de Tarcísio, estavam presentes o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina, Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, além de cerca de 100 parlamentes, segundo Gustavo Gayer. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também foi visto.

Ato reuniu cerca de 600 mil pessoas na Paulista, diz SSP. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a manifestação "ocorreu de forma pacífica, sem o registro de incidentes e com a presença de, aproximadamente, 600 mil pessoas na avenida Paulista e 750 mil pessoas no total, quando levado em conta o público presente nas ruas adjacentes".

Levantamento da USP aponta que estimativa de público para o pico do ato, às 15h, é de 185 mil pessoas. O dado faz parte do Monitor do Debate Político, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades Universidade de São Paulo. Às 17h, após os discursos, a contagem indicou 45 mil participantes. A equipe acompanhou a manifestação, produziu imagens aéreas às 15h e às 17h e contou o público com auxílio de software.

Cerca de 2.000 policiais acompanharam o ato na Paulista. Força Tática, Batalhão de Choque e Cavalaria são algumas das unidades da PM envolvidas, segundo a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo. Drones e câmeras também foram usados.

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