Barrados em trio de Bolsonaro em ato criam 'climão' e criticam Malafaia
Deputados bolsonaristas ficaram descontentes com a escolha das pessoas autorizadas a subir no trio de Jair Bolsonaro (PL) no ato de domingo (25), em São Paulo.
O que aconteceu
Eles argumentam que fazem enfrentamento diário ao governo Lula e foram preteridos na avenida Paulista. Criticam que o ex-presidente teve a companhia de aliados do passado, como ex-ministros sem mandato, e pessoas que até pouco tempo atrás faziam oposição ao bolsonarismo.
A lista dos barrados contém dois dos parlamentares mais votados do PL em São Paulo:
- Carla Zambelli - 946.244 votos e segunda mais votada;
- Ricardo Salles - 640.918 votos e o quarto mais votado.
Ex-ministros de Bolsonaro que hoje têm mandato também foram impedidos de subir:
- Deputado Osmar Terra (MDB-RS);
- Deputado Mário Frias (PL-SP);
- Deputado General Pazuello (PL-RJ).
A lista de barrados inclui a líder da minoria na Câmara, a deputada Bia Kicis (PL-DF). Outros ferrenhos defensores de Bolsonaro que não puderam acessar o trio foram Júlia Zanatta (PL-SC) e Evair de Melo (PP-ES).
O descontentamento foi tamanho que alguns tentaram forçar a entrada. Foi nessa hora que o pastor Silas Malafaia, organizador do ato, tomou o microfone e deu uma bronca nos parlamentares.
Ele usou um tom duro, considerado desnecessário por deputados. "Ô minha gente que tá aqui embaixo fazendo confusão, só sobe quem tem pulseira verde. Por favor! Não vai subir, não adianta. Pra que essa briga aí, meu filho?"
O trio de Bolsonaro tinha limite de convidados e só entrava quem tinha pulseira VIP. Elas foram distribuídas ao longo da semana que precedeu a manifestação pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), integrante da bancada evangélica e próximo a Malafaia.
Foram permitidos 35 deputados no trio. Aos demais, coube ficar em um veículo secundário onde não houve discursos e chamou pouca atenção. Decepcionados, muitos preferiram ficar no chão, onde havia uma área reservada para assessores.
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Quero receberFalta de espaço, justifica Malafaia
Malafaia afirmou que não havia espaço para todos. Ele disse que a lotação era de 70 pessoas no trio de Bolsonaro e havia 115 deputados.
A decisão foi autorizar 35 deputados. Também puderam subir os senadores, os governadores presentes e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB-SP).
O pastor ressaltou que precisava dar espaço para Bolsonaro se deslocar no trio. Ele explicou que o veículo foi atravessado na avenida Paulista e havia público dos lados.
De acordo com Malafaia, o governador de São Paulo foi autorizado a levar uma única pessoa. Esta situação indicaria o tamanho da demanda. Outro exemplo é que deputados estaduais, prefeitos e vereadores não foram autorizados a entrar no veículo.
Na avaliação do pastor, as pessoas que reclamam não entendem a importância do ato. Ele declarou que estes parlamentares que "esperneiam" pensam somente em si e em aparecer.
Malafaia contou que alguns ex-ministros e deputados tentaram forçar passagem. O pastor disse que a orientação para quem controlava o acesso ao trio era não ceder a essas insistências.
Três ou quatro tão com dor de cotovelo, vêm com picuinha. A manifestação foi espetacular.
Pastor Silas Malafaia, organizado do ato
Uma ausência justificada
Os critérios de escolha de deputados autorizados a entrar no trio não foram revelados. Houve parlamentar sem a pulseira VIP que pôde subir, o que também ficou sem explicação.
O deputado Ricardo Salles foi o único caso com justificativa: pedido de Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governador de São Paulo nunca foi simpático a ele e ainda havia um motivo político.
A presença do parlamentar poderia desencadear uma vaia a Nunes. O prefeito de São Paulo conta com o apoio de Bolsonaro para tentar a reeleição. A aliança foi articulada por Tarcísio.
Salles chegou a lançar seu nome como representante da "direita raiz". A militância mais fervorosa, público que estava na Paulista domingo, sempre foi a favor de ele ser o nome do bolsonarismo na eleição.
Malafaia disse que não houve solicitação do governador. Acrescentou que a lista de escolhidos foi decidida por ele. O UOL enviou pedido de comentário para a equipe do governador, mas não teve resposta.
Escolhas criticadas
Os deputados preteridos sentiram mais raiva por causa dos nomes que estavam com Bolsonaro. Eles afirmaram que a falta de critério ficou escancarada.
O ex-deputado federal Roberto de Lucena foi o nome mais citado. O fato de uma pessoa sem mandato ganhar visibilidade e, por tabela, capital político no maior momento da direita desde a eleição foi muito criticado. Malafaia afirmou que ele é secretário de Turismo no estado de São Paulo.
Também houve reclamação por ex-ministros estarem no trio: João Roma, Gilson Machado e Marcelo Queiroga. Não que houvesse nada contra os três, mas foi citada a contradição de alguns ex-ministros poderem subir e outros não.
Por último, houve ainda ressalvas ao deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) e o ex-deputado Deltan Dallagnol acessarem o trio. Os bolsonaristas alegam que ambos criticavam o ex-presidente até pouco tempo atrás e, mesmo assim, tiveram mais consideração do que aliados de longa data. E nem do partido de Bolsonaro são.
A avaliação é que ato foi um sucesso, mas precisa de melhoras. A expectativa é de mais organização e transparência nos critérios de escolha de quem estará perto de Bolsonaro numa próxima vez.
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