MPF-RJ denuncia ex-diretor da PRF Silvinei Vasques por fraude licitatória

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro apresentou à Justiça Federal denúncia por fraude licitatória contra o ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques, que atuou no governo Bolsonaro. Ele está preso preventivamente desde agosto de 2023, por causa de outra investigação.

O que aconteceu

Fraude na compra de 15 blindados por R$ 13 milhões. O caso investiga a compra de "caveirões" da Combat Armor para a PRF. O dono da empresa, Maurício Junot, também foi denunciado e alvo de um pedido de prisão preventiva, assim como seu filho Kauê da Glória Gonzaga Junot.

Chefe de gabinete de Anderson Torres é denunciado. Antônio Ramirez Lorenzo foi chefe de gabinete de Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro. Torres ficou preso por quatro meses este ano. Ele responde por suspeita de conivência e omissão com os atos de 8 de janeiro, quando era secretário de Segurança Pública do DF.

Veículos da Combat Armor falharam em testes balísticos do Exército, diz procurador. A empresa, que não tinha histórico de produção de veículos blindados, ganhou licitações e recebeu pagamentos do governo federal entre 2020 e 2022 para fornecer veículos blindados para órgãos públicos.

Nenhum conseguiu passar em testes mínimos de segurança. Os resultados desses testes mostram que a Combat não tinha capacidade operacional e técnica para fazer esses 'caveirões' --eles são inservíveis
Eduardo Benones, procurador do MPF-RJ

Propostas de concorrentes tinham preços irreais. Segundo as investigações, as licitações eram caracterizadas pelos mesmos concorrentes e propostas muito acima do preço. A Combat ganhava, na maior parte dos casos, pela modalidade "maior desconto", ainda que não existisse tabela prefixada de valores para o julgamento das propostas.

Compra sem justificativa. O procurador disse que também não está clara ainda qual a necessidade de aquisição dos 15 blindados.

Criada no Brasil em 2019, a Combat Armor ganhou licitações durante o governo Bolsonaro. Segundo o MPF, a empresa teve contrato com pelo menos cinco órgãos públicos, especialmente nos estados de RJ, SC e no DF.

A relação da empresa com a PRF no governo Bolsonaro foi investigada pela CPMI do 8 de janeiro. Segundo a comissão, cerca de 37% dos pagamentos da PRF à Combat Armor, oriundos de empenhos emitidos em 2020 e 2021, foram pagos nos últimos três meses do exercício de 2022.

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Pagamentos foram feitos ao chefe de gabinete de Torres. Dentre as transações suspeitas, houve pagamentos realizados em favor de Antônio Ramirez Lorenzo e de empresa de consultoria administrada por ele.

"A chegada da Combat coincide com a ascensão de Silvinei Vasques na PRF", afirma o procurador. A empresa encerrou as atividades no primeiro semestre de 2023.

No total, o MPF-RJ denunciou oito pessoas. Os outros nomes são todos da PRF: Marcelo de Ávila, Alexandre Carlos de Sousa e Silva, Wesley de Assis Leopoldo e Eduardo da Fonseca Martins. O MPF informa que são dois policiais rodoviários responsáveis por iniciar e dar continuidade à licitação, o pregoeiro que aprovou a proposta da Combat Armor, e o fiscal técnico do contrato.

Os documentos confirmam que a Combat frequentemente descumpria prazos e entregava produtos e serviços abaixo dos padrões acordados, ferindo a integridade dos contratos e colocando em risco a vida dos policiais.
MPF-RJ

Vasques nega acusações. Procurada pelo UOL, a defesa de Vasques afirmou que conhece o seu "estado de pobreza e, por isso, posso garantir que não participou de falcatruas. Já derrubamos as quebras irregulares dos sigilos levadas a cabo pela CPMI, bem como, obtivemos juízo de improcedência na ação de improbidade aforada no Rio de Janeiro. Neutralizaremos, decerto, essa denúncia criminal, eis que nada vence a inteligência e a verdade."

O UOL também procurou a PRF e a Combat Armor e aguarda retorno.

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Ex-diretor da PRF está preso

Vasques está preso desde agosto de 2023, por causa de outra investigação. Tratou-se de uma operação da PF que apura o uso da máquina pública para interferir nas eleições de 2022.

Ação para atrapalhar as eleições. Investigações apontam que integrantes da PRF agiram para dificultar o trânsito de eleitores no dia do segundo turno, sobretudo no Nordeste —onde o então candidato Lula (PT) obteve a maioria dos votos no primeiro turno.

Nesta quarta-feira (20), a advogada Karina Kufa, que representa Bolsonaro em processos, assumiu a defesa de Vasques. Ela voltou a pedir a revogação da prisão preventiva.

Moraes já negou solicitações anteriores para revogar a prisão preventiva de Silvinei. Defesa também tentou transferência do Complexo Penitenciário da Papuda para o Núcleo de Custódia do Batalhão Militar do Distrito Federal, mas Justiça negou.

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