Alessandro Vieira: Cid depôs com advogado, não em pau de arara
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) classificou no UOL News desta sexta (22) como "estratégia tola de defesa" o conteúdo dos áudios em que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), faz acusações contra a Polícia Federal.
Segundo o senador, as alegações não fazem sentido, pois a delação é acompanhada pela defesa e segue procedimentos legais.
Me parece uma repetição de uma estratégia tola de defesa, de tentar garantir as vantagens que a delação proporciona (...) e, ao mesmo tempo, ficar bem com os amigos do seu grupo político —ou da sua quadrilha, dependendo do perfil. Às vezes, as duas coisas são sinônimas. Não tem efeito real nenhum, não tem lógica nenhuma.
As pessoas às vezes não entendem o que ele está falando. [A delação] Não é um encontro de amigos que sentam numa mesa e dizem: 'Olha aqui, vamos fazer um depoimento'. É um procedimento sério, é acompanhado, é filmado, o cara não estava sozinho, ele não está num pau de arara, ele está lá com seu advogado e não é um advogado qualquer, é um excelente advogado, renomado. Alessandro Vieira, senador
O senador afirmou que o caso parece uma reprise do que houve na Lava Jato.
[Tivemos] Uma série de delatores que começam com teses absolutamente risíveis, ainda que muito bem patrocinadas, no sentido de que prestaram seu depoimento e fizeram suas delações constrangidos. Tivemos um ministro que se prestou ao ridículo de dizer que foi um caso de tortura. Fico imaginando esses advogados todos, renomados, tudo filmado, como é que torturou alguém?
É um teatro. Cada vez mais as pessoas começam a confundir o mundo real com o mundo virtual, onde esse tipo de maluquice faz sentido. Alessandro Vieira, senador
Áudio de Cid interessa a Bolsonaro, diz senador
Para Alessandro Vieira, as gravações de Mauro Cid interessam à defesa do ex-presidente Bolsonaro e aos integrantes de seu grupo.
Ela vai na mesma maré de tentar reduzir a credibilidade do que foi feito. Se vai lá atrás e analisa a Lava Jato e todo processo pós Lava Jato houve artifícios muito parecidos. Teve um hakeamento de mensagens que nunca foram submetidas a perícias e, a partir desse hakeamento, a destruição da credibilidade daquelas pessoas, de procuradores, delegados e juízes, e isso sucessivamente foi construindo um cenário que quando se chegou à mudança política, teve a anulação.
Provavelmente, o que Bolsonaro e seus parceiros tentam fazer é a mesma coisa, deixar plantada uma semente que permita no futuro, numa nova conjuntura política, uma revisão, uma anulação.
É lamentável, porque deveria haver apreço ao fato e fatos provados deveriam gerar uma sanção. Eu não posso ter a confissão e a devolução de milhões (na Lava Jato) e não ter ninguém preso porque roubou. Eu não posso ter agora a confissão e a confirmação da tentativa de golpe e não ter ninguém preso. A impunidade é ruim para todos. Alessandro Vieira, senador
Não tenho duvida de que tentativa de golpe existiu
Vieira comentou ainda as investigações a PF sobre a tentativa de golpe de estado no país.
É evidente que o processo e investigações devem caminhar e avançar e tudo isso vai ser submetido ao crivo do contraditório, da defesa, mas eu não tenho a menor dúvida de que todos esses atos juntos, concatenados, representam uma tentativa de impedir a concretização do resultado das urnas. E isso fica muito claro nas falas, no não reconhecimento do resultado.
Você tem um universo de personagens que tinham acesso a poder de alto calibre, que eram muitíssimo bem remunerados, até acima daquilo a que estavam acostumados. Você tinha generais que ocupavam cargos de ministros e acumulavam os dois rendimentos ilegalmente e chegavam a R$ 100 mil no contracheque.
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Quero receberEssa turma toda gerou um apego ao poder somado a uma rejeição ao candidato eleito e tudo isso junto gerou o caldo de uma série de atividades que são claramente articuladas e que são também e que tentaram ter um resultado. Alessandro Vieira, senador
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