CCJ do Senado adia outra vez votação sobre a volta do DPVAT
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado adiou mais uma vez a votação do projeto de lei que recria o seguro para vítimas de acidente de trânsito, o DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre), extinto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão foi anunciada hoje (30) pelo presidente do colegiado, Davi Alcolumbre (União-AP).
O que aconteceu
Alcolumbre concedeu vistas (mais tempo para análise) aos senadores da oposição sobre o parecer do líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), relator do texto.
Com ao adiamento, o projeto será votado na próxima terça (7), antes da sessão do Congresso, marcada para quinta (9). O texto já passou pela Câmara, e se for aprovado sem alterações pelo Senado, irá para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A votação é importante para o governo pois, se aprovada, a medida permitirá a antecipação de um crédito de cerca de R$ 15 bilhões.
É a segunda vez que a votação do projeto é adiada. Na última quarta (24), Wagner pediu para retirar o projeto da pauta da CCJ. A movimentação aconteceu em meio a negociações sobre a realização de uma sessão do Congresso no mesmo dia para analisar os vetos do presidente Lula às emendas de comissão no Orçamento, cronograma de pagamentos na LDO e o das "saidinhas" dos presos.
A aprovação do DPVAT está sendo negociada mediante a devolução dos R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão vetados por Lula. O governo tenta construir um acordo para recompor cerca de R$ 3,6 bilhões. O valor também será utilizado para custear o vale-gás e retomar a emissão de passaportes.
Indefinição sobre urgência causou novo adiamento
Alcolumbre afirmou que a tramitação do projeto foi atrapalhada por um problema na comunicação das Mesas da Câmara e do Senado sobre a urgência constitucional da proposta.
O presidente da CCJ declarou que, inicialmente, as Mesas teriam informado que o texto estava sob regime de urgência constitucional. O rito dá a cada Casa o prazo de 45 dias para analisar a proposta, caso contrário, nenhum projeto pode ser votado.
Ainda segundo Alcolumbre, foi verificado que a urgência constitucional havia sido retirada pelo governo ainda na Câmara, o que fez com que a Secretaria-Geral da Mesa do Senado corrigisse a informação e estabelecesse um regime de tramitação normal.
Mas o próprio governo voltou a pedir urgência na quinta (25), em meio às negociações sobre a sessão do Congresso que analisaria os vetos do presidente Lula na última quarta (24).
O presidente da CCJ apontou que, com a medida, os prazos para apresentação de sugestões ao projeto são abertos novamente. Então, ele decidiu conceder vistas para que os senadores pudessem apresentar suas emendas ao texto.
Manobra para ampliar gastos
A entrada de uma nova fonte de recursos vai permitir ao governo liberar gastos adicionais em relação à previsão inicial do Orçamento.
A concessão atende a uma regra do arcabouço fiscal, pela qual a reavaliação do Orçamento só poderia acontecer depois do 2º bimestre. A manobra do DPVAT - que agora será rebatizado de SPVAT (Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito) - permitirá antecipar a flexibilização, após a divulgação do 1º relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas.
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Quero receberSe for aprovada, a cobrança do seguro retornará como condição obrigatória para o licenciamento de veículos, o que ocorria até o fim de 2020. A regra também valerá para transferência de propriedade e baixa de registro de veículos.
A proposta estabelece ainda que a gestão do SPVAT continuará sob responsabilidade da Caixa Econômica Federal. O banco estatal assumiu a administração do seguro em 2021, depois que o consórcio de seguradoras privadas que geria o DPVAT foi dissolvido.
E quanto vai custar?
Os valores do SPVAT ainda não foram definidos, pois dependem "das coberturas que serão aprovadas pelo Legislativo, além do percentual de repasses para o SUS e para o Coordenador do Sistema Nacional de Trânsito". A informação é da Susep (Superintendência de Seguros Privados), autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda.
Em 2020, último ano de vigência do DPVAT, o prêmio do seguro para carros de passeio era de R$ 5,23 e de R$ 12,30 para motos.
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