Moraes intima delegado do caso Marielle a depor após bilhete com súplica
O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal ouça o delegado Rivaldo Barbosa, preso por suspeita de planejar o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco.
O que aconteceu
Intimação acontece após Rivaldo Barbosa enviar bilhete ao ministro pedindo "pelo amor de Deus" para ser ouvido. "Por misericórdia, solicito que V. Exa. faça os investigadores me ouvirem, pelo amor de Deus", escreveu o delegado, da Penitenciária Federal de Brasília.
A PF tem até cinco dias para cumprir a intimação. Como manda a Constituição, Rivaldo Barbosa poderá ficar em silêncio e não responder a perguntas que possam incriminá-lo.
Ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro já havia pedido para prestar depoimento no mês passado, mas ainda não foi ouvido.
Súplica surpreendeu até os advogados. Ao UOL, Felipe Dalleprane, que representa o delegado junto a Marcelo Ferreira, disse que o recado demonstra desespero. "No campo onde deveria assinar e escrever a data dizendo que recebeu a notificação [do oficial de justiça], ele fez esse pedido de socorro, que surpreendeu muito a gente, demonstrando o desespero dele com o fato de ainda não ter sido ouvido", afirmou.
Barbosa é acusado de ajudar a planejar o crime e de receber propina para atrapalhar as investigações. Em relatório, a PF apontou o delegado como suspeito de receber R$ 400 mil para impedir o avanço das investigações. Ele nega tanto o suborno quanto a obstrução.
Defesa disse que decisão de Moraes é um "grande alento". Os advogados Marcelo Dalleprane e Marcelo Ferreira afirmaram que a oitiva do cliente deles "reflete a retomada do processo à legalidade e constitucionalidade", e negaram que o delegado vá fazer uma delação premiada. "Não existe a menor possibilidade de ele confessar o que não praticou", disse Dalleprane.
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