Diretor da PF: Inquérito do golpe apresentará responsáveis por 'barbárie'

Até o momento, há dois indícios que implicam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O primeiro é um áudio enviado por Cid que sugere que o ex-presidente ajudou a redigir e editar uma minuta de golpe. O segundo é o depoimento do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que atribui a Bolsonaro a articulação de reuniões com comandantes das Forças Armadas para discutir "hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral".

O ex-presidente foi intimado a depor, mas ficou em silêncio. A PF marcou audiências simultâneas, para evitar a combinação de versões e pegar eventuais contradições nas respostas dos investigados.

Quando a PF apresentar o relatório, pode pedir ou não o indiciamento dos investigados. O indiciamento é a indicação de que, ao concluir o caso, a corporação entendeu que há indícios de crime. Caberá à PGR (Procuradoria-Geral da República) decidir se há ou não elementos para oferecer denúncia. A Procuradoria também pode pedir diligências complementares, se considerar necessário.

Investigações sobre fraude no cartão de vacinas e das joias terminam até o fim de junho, disse Andrei. A informação já havia sido adiantada pela colunista do UOL Carla Araújo. De acordo com fontes a par da investigação, o ex-presidente será indiciado nos dois inquéritos.

No caso das joias, ainda não há informações se a PF pedirá o indiciamento de outros envolvidos. Em agosto do ano passado, a PF intimou Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle e auxiliares, como Fabio Wanjgarten, para depor sobre o caso, mas a maior parte optou pelo silêncio.

Em relação aos cartões de vacinação, a PF já havia apresentado o relatório final em março e indiciado Bolsonaro e outras 16 pessoas. Mas, na ocasião, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou o aprofundamento da investigação sobre o esquema antes de definir sobre a apresentação de uma denúncia contra os alvos indiciados pela PF. Agora, o processo voltará para análise da PGR.

Diretor diz que depoimento de delegado do caso Marielle não muda o curso das investigações. A defesa de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, suspeito de planejar a morte da vereadora, afirmou que o cliente disse nunca ter estado com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão.

O que mais disse o diretor-geral da PF

Eu diria que estamos na reta final dos casos da fraude de vacinas e o da ilegal comercialização de joias do patrimônio público. A estimativa é que até o final do mês de junho tenhamos a conclusão desses dois. Novas diligências internacionais foram feitas. Eu respeito a autonomia da investigação, mas a expectativa de conclusão é em junho.

Isso [depoimento de Rivaldo Barbosa] em nada muda o curso das investigações, aquilo que foi colhido durante a investigação, o que foi provado, aquilo que se corrobora por várias formas. É um depoimento importante, mas não altera a percepção da equipe, não altera o rumo da investigação e nada do que tínhamos previsto.
Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, em entrevista à GloboNews