Bolsonaro, Michelle, Cid e mais 5 depõem à PF ao mesmo tempo sobre joias
A Polícia Federal colhe hoje desde as 11h depoimentos simultâneos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de sua mulher, Michelle Bolsonaro, de seu advogado Frederick Wassef e de outros aliados da família em inquérito que investiga a venda de joias e presentes recebidos enquanto Bolsonaro era presidente.
O que aconteceu
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sua mulher, Michelle, o advogado Fábio Wajngarten, o ex-assessor Marcelo Câmara e o tenente Osmar Crivellati decidiram ficar em silêncio.
Eles chegaram por volta das 10h50 à sede da PF em Brasília.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, está preso e foi o primeiro a chegar, por volta das 9h15, e colabora com as investigações, assim como seu pai, o general Mauro Lourena Cid.
O advogado Frederick Wassef, que defende Bolsonaro em outros processos na Justiça, depõe por videoconferência na PF em São Paulo.
O que a Polícia Federal quer saber?
As autoridades querem saber por quem passaram as joias e outros objetos recebidos de presente. Todos os ouvidos hoje foram citados na tentativa de sair com os objetos do país, vendê-los e depois recomprá-los.
Por causa dessa investigação, Bolsonaro e Michelle já tiveram quebrados seus sigilos fiscais e bancários. A PF apura se o dinheiro da venda dos objetos teve como destino final a conta do ex-presidente ou de sua mulher.
Conforme o UOL noticiou, o ex-presidente se preparou com 48 horas de antecedência para o depoimento. Assessores mais próximos e advogados passaram o dia na sala dele na sede do PL na capital federal.
Hoje, Bolsonaro e Michelle vão ser acompanhados pelos advogados Paulo Cunha Bueno e Daniel Tessler.
Oitivas simultâneas são legais, requerem planejamento e já foram adotadas outras vezes, como quando a PF intimou quase 80 militares para depor sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. A ideia é que isso impeça os envolvidos de combinarem versões.
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Andrei Passos Rodrigues, diretor da Polícia Federal, durante o UOL Entrevista
O caminho das joias
A PF constatou que um relógio, que fazia parte de um kit de joias sauditas recebidas por Bolsonaro em uma viagem oficial em 2019, foi vendido nos Estados Unidos e recomprado por um preço mais alto após o TCU (Tribunal de Contas da União) ordenar a devolução dos presentes que o ex-presidente havia ganhado.
A ideia é apontar o papel de cada um na operação. Advogado da família Bolsonaro em várias investigações, Wassef teria recomprado um Rolex que auxiliares do ex-presidente haviam vendido durante viagem aos Estados Unidos no começo do ano.
Ele já disse que usou dinheiro próprio e que a intenção era devolver o item à União. À época, Wassef negou dar detalhes sobre para quem ele entregou o Rolex: "Não vou falar, não posso falar. Quem solicitou não foi Jair Bolsonaro, e não foi o coronel Cid".
No último dia 16, a PF apreendeu quatro aparelhos celulares do advogado. Ele estava em um restaurante no shopping Morumbi, em São Paulo, quando foi abordado pelos policiais.
Já o pai de Cid teria auxiliado na venda desses itens e emprestado sua conta bancária no exterior para recebimento dos valores das transações.
A oitiva marca o reencontro de Bolsonaro com o ex-auxiliar Mauro Cid, que está preso desde maio. No entanto, eles não devem ter contato dentro do prédio da Polícia Federal.
Este é o quinto depoimento que o ex-presidente presta à PF, em diferentes investigações. Bolsonaro está envolvido em investigações por fraude no cartão de vacina dele e de sua família, por fake news e por um suposto plano golpista de gravar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
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