Ricardo Nunes compara apoio de Bolsonaro a apoio de Maluf a Haddad em 2012

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), comparou o apoio que pretende receber do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao recebido por Fernando Haddad de Paulo Maluf, quando o petista concorreu à prefeitura em 2012. Ao Alt Tabet, no Canal UOL, o emedebista afirmou ser "super importante" contar com o endosso de Bolsonaro à sua candidatura à reeleição.

Nunes disse que sem o apoio do Maluf naquele ano, o petista não teria ganhado a eleição. "A direita naquele momento era representada pelo Maluf, o Haddad do PT trouxe o apoio do Maluf, teve uma ação de se apresentar como se fosse de centro. Hoje a gente tem em São Paulo uma ação de ter o centro, que é o meu campo, para a gente poder ter a direita junto".

O emedebista ressaltou que teve a garantia do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de que terá o apoio de Bolsonaro, mas falta o ex-presidente sinalizar esse endosso publicamente. "Falta ele vir a público falar e confirmar nas convenções. A confirmação que tenho é do Valdemar, que disse ter conversado com Bolsonaro e ele aceitou que o PL não tivesse candidatura própria e me apoiasse".

Ricardo também destacou que, se reeleito, o prefeito será ele, não seus apoiadores. "Espero e desejo que ele [Bolsonaro] me apoie porque é importante. Agora eu sou o prefeito e sou o candidato. Passou as eleições, se eu for escolhido pela população ou outro, quem vai governar é quem a população escolheu. Não será ex ou atual presidente".

Nunes diz querer apoio de ultradireita 'que defenda a democracia'

Nunes disse ser um defensor do Estado Democrático de Direito. "Desde que esse apoio seja algo que defenda a democracia, lógico que vou querer. Apoio é algo importante desde que não coloque em riscos os seus valores e princípios".

O prefeito também destacou que seu histórico político é em defesa dos valores democráticos. "Sempre defendi transparência e democracia. É minha história de vida. Ninguém vai mudar a minha história de vida, que é essa".

A ultradireita foi assunto da entrevista porque Nunes se reuniu, em maio, com Matteo Salvini, líder da ultradireita europeia, sem divulgar o encontro em sua agenda oficial. Segundo o prefeito, o encontro aconteceu porque ele acompanhou o deputado Tomé Abduch (Republicanos-SP) em uma reunião com Salvini, vice-premiê e ministro da Infraestrutura da Itália.

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Nunes assumiu Prefeitura de SP 'abalado': 'A prática me assustava'

Ele se referiu a Bruno Covas, que foi prefeito quando Nunes atuou como vice, como um "amigo e irmão" e afirmou que a morte do tucano o deixou "abalado emocionalmente". "A gente perdeu o Bruno dia 16 de maio de 2021, era um momento de muitos óbitos provocados pelo pico da pandemia, e eu perco um amigo, um irmão [e ter que] assumir uma cidade desse tamanho, dessa complexidade, você fica abalado emocionalmente".

Ricardo citou receio por ter que administrar a cidade no auge da pandemia. "A prática me assustava. Tinha que cuidar para não faltar enfermaria, UTI e não faltou para ninguém na cidade de São Paulo".

Nunes admitiu ter buscado ajuda de ex-prefeitos da cidade, como Gilberto Kassab (PSD) e José Serra (PSDB). "Procurei o Kassab, fui na casa dele, ele falou: 'Faz isso, faz aquilo, pode contar comigo'. Ele foi [um mentor]. O Serra chegou lá e falou: 'Ricardo, é um grande desafio, mas pode contar comigo'".

Era um momento muito difícil, não era uma situação normal, prevista. Tinha acabado de visitar o Bruno no hospital, ele contando piada, de repente vem a notícia da morte. Qualquer pessoa nessa situação vai ter humildade de pedir ajuda, não que eu não soubesse o que fazer, mas para eu errar menos, pensar, raciocinar.
-- Ricardo Nunes

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Toda quarta, Antonio Tabet conversa com personagens importantes da política, esporte e entretenimento. Os episódios completos ficam disponíveis no Canal UOL e no Youtube do UOL. Assista à entrevista completa com Ricardo Nunes:

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