Oposição cobra exoneração de Juscelino: 'deveria ter feito há muito tempo'

Parlamentares da oposição defenderam que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União), seja demitido por ter sido indiciado pela Polícia Federal nesta quarta-feira (12). As investigações apontam que ele integra uma organização criminosa e cometeu crime de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro.

O que aconteceu

Vice-líder da oposição no Senado, Eduardo Girão (Novo-CE) declarou que o ministro seria exonerado se o governo tivesse "algum resquício de ética". O parlamentar ressaltou que já pairavam suspeitas em relação a Juscelino desde que ele assumiu o cargo no governo Lula.

Girão acresentou que a oposição tentou convocar o ministro várias vezes e não conseguiu. "Nós inclusive temos requerimentos para que ele venha às comissões e ele é blindado pela base do Lula de vir aqui ao Senado".

O governo Lula deveria ter feito isso há muito tempo.
senador Eduardo Girão (Novo-CE)

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) citou que já fez representações contra o ministro e se disse feliz pelo indiciamento. "Sei que tem a favor dele a presunção de inocência, mas, para não constranger o governo, ele precisa deixar a pasta".

Para a parlamentar, a situação reflete a suposta falta de preocupação do presidente Lula com a corrupção. "O governo não priorizou o combate à corrupção ao não fazer um levantamento da vida pregressa de seus ministros", opinou.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também defendeu a saída de Juscelino. Para ele, o indiciamento é mais um episódio no histórico petista. "Mais uma continuidade do que o governo sempre fez: corrupção".

O governo federal ainda não se pronunciou oficialmente sobre o indiciamento de Juscelino. O ministro faz parte do União Brasil, que apesar de ocupar pastas no governo federal, vota junto com a oposição em vários projetos no Congresso.

Investigação contra Juscelino

Juscelino é investigado por suposto envolvimento em desvios da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). O ministro teria empenhado, ainda como deputado federal, R$ 5 milhões do orçamento secreto na Prefeitura de Vitorino Freire (MA), comandada por sua irmã, Luanna Rezende (União).

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Segundo a CGU (Controladoria-Geral da União), apenas a família do ministro é beneficiada pelas emendas parlamentares destinadas por ele. O recurso foi usado para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente às fazendas dele e de sua família, onde ele mantém uma pista de pouso.

A investigação da PF identificou três supostos caminhos de desvio de recursos: asfaltamento de rodovias; contratação de uma empresa suspeita de ser propriedade do próprio ministro; e indicação de pagamentos a terceiros.

Em nota, o ministro afirmou hoje que "o indiciamento é uma ação política e previsível". Na avaliação de Juscelino Filho, a investigação "distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito".

O União Brasil divulgou nota em apoio a Juscelino. "Suspeitas são só suspeitas e o partido não vai admitir pré-julgamentos ou condenações antecipadas sobre o ministro. Indiciamento não deve significar culpa."

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