Elmar se aproxima do PT por eleição na Câmara; Cunha pode pesar contra

De olho na Presidência da Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento, líder do União Brasil, vem tentando se aproximar do PT para vencer a resistência do Planalto a seu nome. O movimento envolve aproximação com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, abordagens aos parlamentares da sigla e apoios dos partidos próximos aos petistas.

O que aconteceu

A festa de aniversário de 54 anos de Elmar serviu para impulsionar o nome do deputado à disputa para a Presidência da Câmara. A celebração reuniu toda a entourage do Centrão, petistas, deputados do PCdoB, PDT e um time de peso dos ministros do governo.

O convidado mais ilustre da comemoração foi o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Ambos são adversários políticos na Bahia. Segundo relatos de convidados, Rui ficou na festa por quase duas horas ao lado de figuras como Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, e Ciro Nogueira, presidente do PP.

A relação de Rui e Elmar é marcada por inúmeros atritos por serem de grupos políticos opostos. Na época em que o senador Jaques Wagner (PT-BA) foi governador da Bahia, Elmar era deputado estadual pelo PR e foi cotado para assumir a Secretaria de Agricultura, mas foi vetado pelo então senador César Borges (PR-BA). A culpa recaiu sobre Rui.

O atrito mais recente ocorreu após a eleição de 2022. Quando o presidente Lula (PT) começou a escolher os ministros do terceiro mandato, Rui Costa teria vetado o nome de Paulo Azi, indicado por Elmar, para assumir o ministério de Minas e Energia.

Não é casamento, mas a relação é respeitosa. Depois do veto, Rui e Elmar iniciaram uma reaproximação por necessidade, na avaliação de lideranças petistas. O deputado baiano comanda a terceira maior bancada da Câmara e o ex-governador da Bahia está à frente de um dos ministérios mais importantes do governo Lula.

Primeiro passo, mas o trajeto é longo

A presença de Rui na festa de Elmar foi considerada "positiva" por deputados do PT, mas não significa que o partido vai apoiá-lo para a Presidência da Câmara. A meses da eleição, que acontece em 2025, lideranças do Partido dos Trabalhadores avaliam que é muito cedo para apoiar um nome, contudo, admitem que a bancada está dividida entre Elmar e o líder do PSD, Antônio Brito.

Lideranças partidárias ouvidas pelo UOL afirmam que o próximo presidente da Câmara precisa fazer a intersecção entre oposição e governo. Além disso, os postulantes devem sinalizar como vão conduzir os principais projetos, como será a relação com os partidos e como pretendem conduzir a Casa.

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Elmar é um dos favoritos do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), de quem é amigo pessoal, mas enfrenta mais resistência de Lula pelo histórico político. Para tentar dissipar a desconfiança, Elmar tem conversado com petistas e outros deputados da esquerda. O deputado baiano, inclusive, já mantém uma relação próxima com alguns deputados, como Zeca Dirceu (PT-PR), com quem esteve junto no carnaval e Festival de Parintins, no Amazonas.

Elmar Nascimento posa com ministros e deputados, como Zeca Dirceu (2º à esquerda), durante o Festival de Parintins
Elmar Nascimento posa com ministros e deputados, como Zeca Dirceu (2º à esquerda), durante o Festival de Parintins Imagem: Reprodução.

Enquanto o PT calcula, outros partidos da base do governo já se alinham a Elmar. Recentemente, o PDT indicou que vai apoiar o deputado baiano na disputa pelo comando da Casa. E o União Brasil decidiu apoiar a reeleição de João Campos (PSB) em Recife (PE), e o nome de Duarte Junior (PSB-MA) para a prefeitura de São Luís (MA), em movimento considerado uma sinalização de apoio a Elmar.

O movimento de outras legendas, contudo, ainda não é suficiente para convencer os petistas. Lideranças do PT avaliam que as demonstrações antecipadas são uma forma de pressionar o partido a se posicionar.

Sombra de Eduardo Cunha, algoz de Dilma, pode dificultar apoio do PT

Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, também esteve no aniversário de Elmar. Foi acompanhado da filha e deputada, Dani Cunha (União Brasil- RJ). A presença dele na festa trouxe à memória dos petistas a responsabilidade que o político teve na queda da ex-presidente Dilma Rousseff.

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Eduardo Cunha e a filha, deputada Dani Cunha, posam com Elmar Nascimento na festa do líder do União Brasil
Eduardo Cunha e a filha, deputada Dani Cunha, posam com Elmar Nascimento na festa do líder do União Brasil Imagem: Divulgação

Cunha era presidente da Câmara quando autorizou a abertura do processo de impeachment de Dilma. A ação foi a gota d'água de uma série de derrotas que o ex-deputado impôs ao governo da então presidente.

Elmar e Dani Cunha mantêm uma relação próxima. Durante a análise da prisão do deputado Chiquinho Brazão, ambos se uniram para tentar libertá-lo. Na avaliação de lideranças petistas, a proximidade dos deputados e a influência que Cunha exerce sobre a filha terão peso quando o PT tiver que bater o martelo sobre quem vai apoiar para a Presidência da Câmara.

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