Conteúdo publicado há 1 mês

Rubens Barbosa: Ida de Celso Amorim à Venezuela foi um erro

O ex-embaixador Rubens Barbosa afirmou que o governo federal errou ao mandar Celso Amorim acompanhar a eleição na Venezuela. Ao UOL News de hoje (29), ele disse considerar que a indefinição em torno das eleições na Venezuela será o "grande teste" da política externa do Brasil e do governo Lula (PT).

Sem reconhecer a vitória do ditador Nicolás Maduro, o governo brasileiro emitiu uma nota sobre as eleições na Venezuela e deixou claro que a publicação dos dados desagregados de cada uma das sessões é fundamental para a legitimidade do pleito.

Acho que esse é um grande teste da política externa brasileira, o maior teste do governo Lula. Acho que Lula vai ser muito aconselhado a não se manifestar, porque se ele se manifestar, certamente vai colocar o Itamaraty em uma posição muito difícil.

A ida de Celso Amorim à Venezuela, do ponto de vista do governo, foi um erro. Ele está acompanhando. Teve contatos com oposição, com o governo e sabe o que está acontecendo lá. Ele vai ter que se manifestar privadamente ou publicamente com o presidente para o governo brasileiro se manifestar.

Segundo o ex-embaixador, Amorim deve ficar mais três dias na Venezuela, o que deve fazer o Brasil levar mais alguns dias para emitir um posicionamento sobre o resultado da eleição.

Não acho que o governo brasileiro vá se manifestar antes da volta dele, porque vai esperar os observadores da ONU.

Do ponto de vista da política externa brasileira, eles têm que seguir o roteiro que foi traçado, e o roteiro é receber as atas para se pronunciar. Se não receber as atas, fica sem alternativa, vão ter que fazer ressalvas ao resultado eleitoral pela própria narrativa deles. Eles se colocaram em uma posição muito difícil. A ideologia, se prevalecer, vai desgastar Lula e o governo de uma maneira muito violenta.

Barbosa disse que não acreditava em vitória da oposição.

Eu não conheço nenhum caso em que um governante de países autoritários faça uma eleição para perder. Não existe isso. Nunca imaginei, nesse processo todo, que o resultado seria diferente. Não acreditava nas narrativas que estavam em andamento nesse período prévio à eleição. Países autoritários não fazem eleição para perder.

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Itamaraty aguarda ata

O Ministério das Relações Exteriores brasileiro contou estar aguardando a divulgação de dados das mesas da votação. A nota foi publicada nesta manhã e informou que o governo acompanha com atenção o processo de apuração.

O assessor para Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, disse que Lula está sendo informado sobre a votação. ''Vamos aguardar os resultados finais e esperamos que sejam respeitados por todos os candidatos", explicou Amorim, que está na Venezuela como observador das eleições.

Lula pediu à Maduro eleições limpas

"Banho de voto" x "banho de sangue". O presidente brasileiro ainda afirmou a agências internacionais de notícias, no dia 22, que havia ficado "assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perdesse as eleições iria ter um banho de sangue". "Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora".

Processo eleitoral respeitado. "Eu já falei para o Maduro duas vezes, e o Maduro sabe, que a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo o mundo... Se o Maduro quiser contribuir para resolver a volta do crescimento na Venezuela, a volta das pessoas que saíram da Venezuela e estabelecer um Estado de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo democrático", disse Lula.

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Lula também afirmou que o que interessava era relação com Brasil. "Por que que eu vou querer brigar com a Venezuela, com a Nicarágua, com a Argentina?", questionou Lula no dia 19. "Eles que elejam os presidentes que eles quiserem. O que me interessa é a relação de Estado."

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