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Análise: Brasil passa recado e exibe coerência com princípios diplomáticos

O Brasil adota uma postura coerente com seu histórico diplomático ao dizer que aguarda a publicação de informações mais detalhadas das eleições venezuelanas, afirmou Carolina Pedroso, professora de Relações Internacionais da Unifesp, no UOL News desta segunda (29).

Em nota publicada hoje, o Itamaraty afirmou que espera a divulgação dos dados por mesa de votação da eleição venezuelana. Sob desconfiança da imprensa e da população, o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) anunciou a reeleição do ditador Nicolás Maduro. O resultado foi contestado pela oposição.

Uma posição mais clara do Brasil em relação a esse pleito virá da condição de que esses dados sejam de fato transparentes e divulgados com toda a clareza, algo que já deveria ter acontecido. É importante essa nota [do Itamaraty], que toma um cuidado com o linguajar, mas passa um recado importante.

Compor com as lideranças latino-americanas, que nesse momento tem mantido uma posição mais pragmática em relação ao processo venezuelano, é extremamente relevante para a posição brasileira e nos fortalece como um país de grande relevância e de peso internacional, que construiu credenciais democráticas da lisura do nosso processo eleitoral. Carolina Pedroso, professora da Relações Internacionais da Unifesp

Carolina destacou que o governo brasileiro não pode tomar uma atitude radical contra a Venezuela caso sejam confirmadas irregularidades no processo eleitoral, já que isto traria prejuízos significativos aos dois países.

Essa posição do Brasil de estar muito próximo tanto dos observadores especialistas enviados pelas Nações Unidas como dos técnicos do centro Carter e cobrar deles os relatórios desse processo eleitoral nos dará subsídios importantes para termos um recálculo de rota quanto a nossa relação com a Venezuela.

Romper relações e ir para o tudo ou nada não nos traz vantagens e não ajuda no processo eleitoral venezuelano. Mas sem dúvida o Brasil tem uma posição mais coerente com os seus princípios diplomáticos. Será bastante importante ter todos esses elementos somados: os relatórios, a observação internacional e, principalmente, a divulgação desses dados da maneira mais transparente possível. Carolina Pedroso, professora da Relações Internacionais da Unifesp

Tales: Tanto Maduro como oposição venezuelana carecem de legitimidade

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O problema sério é que, na Venezuela, tanto Maduro como a oposição carecem de legitimidade.

No momento, a posição mais acertada está sendo a dos EUA, que exigem as atas da eleição. A mesma posição está sendo seguida pelo Reino Unido e até pelo governo brasileiro. Curiosamente, o Brasil está mais próximo dos EUA do que Rússia, China, etc, e defende que está na hora de apresentar as atas.

Por outro lado, vem o [Javier] MIlei [presidente da Argentina] pedindo às Forças Armadas para que ajudem a oposição. A Marina Corina [Machado, líder da oposição a Maduro] também disse que as Forças Armadas precisam estar ao lado dela. Aí fica complicado. Lida-se com um golpista como Maduro com outros golpistas, que são a ultradireita venezuelana e latino-americana. Tales Faria, colunista do UOL

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

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