'O presidente do Brasil não tem candidato a presidente da Câmara', diz Lula

O presidente Lula (PT) negou, nesta quinta-feira (5), que tenha um candidato a sucessor de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara.

O que aconteceu

Embora negue, Lula tem participado ativamente das conversas. Segundo o UOL apurou, a desistência do deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP) em prol de Hugo Motta (Republicanos-PB) teve o aval do presidente.

"O presidente Lula, do Brasil, não tem candidato a presidente da Câmara", disse, em entrevista à rádio Vitoriosa, de Uberlândia (MG). "A presidência da Câmara é da responsabilidade dos partidos políticos. A presidência do Senado é da responsabilidade dos partidos políticos."

"Ao presidente Lula cabe a responsabilidade de tratar bem", completou o petista. "Porque o presidente da Câmara e o presidente do Senado não precisam do presidente Lula, é o presidente Lula quem precisa deles", repetiu, em deferência ao trabalho do Congresso.

Como o UOL mostrou, Lula tem evitado entrar publicamente na disputa. A avaliação do Planalto é que tomar um lado seria desvantajoso para o governo, mas ele tem participado das negociações nos bastidores.

Nesta semana, ele recebeu Pereira e Motta no Palácio do Planalto, em dias diferentes. Também conversou com Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, que tem como candidato o deputado Antônio Britto (PSD-BA). O baiano seria o nome preferido de Lula, mas perdeu força após a costura da última semana.

Críticas a Lira antes de ser eleito. Lula, em março de 2022, chamou Lira de "imperador do Japão" e criticou o "poder imperial" do presidente da Câmara. "Ele já quer tirar o poder do presidente para que o poder fique na Câmara dos Deputados e ele aja como se fosse o imperador do Japão", disse o petista à época, sem citar o nome de Lira.

Articulação na Câmara

A disputa pela presidência da Câmara ganhou novos contornos na noite de terça (3). A iniciativa foi definida em acordo com Lira, que busca há meses apoio para uma candidatura única.

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Lira agora tenta convencer o colega Elmar Nascimento (União-BA), seu candidato inicial, a desistir da disputa em favor de Motta. O baiano, no entanto, enfrenta resistências de parte dos colegas, em especial da base governista.

A articulação se deu devido à resistência de Kassab em retirar a candidatura de Brito em favor de Pereira. A expectativa é que a indicação de Motta promova o consenso entre diferentes alas que se opõem ao presidente do Republicanos no comando da Casa.

Centrão lança dissidência a Motta. Elmar e Brito uniram esforços contra Motta.

Reunião entre presidentes de partidos definiu aliança. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, e do União Brasil, Antônio Rueda, se reuniram ontem em São Paulo, com Elmar para selar o acordo. Não há consenso entre eles sobre o nome de Motta. PSB e PDT, que apoiavam Elmar, devem somar esforços na aliança.

Os dois deputados são líderes dos blocões da Câmara. Embora o apoio entre cada partido não esteja definido, a união entre PP, União Brasil, PSDB/Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade e PRD tem 161 parlamentares e estão liderados por Elmar. Já o alinhamento entre MDB, PSD, Republicanos e Podemos somam 147 parlamentares e está sob liderança de Brito.

Marcos Pereira se reuniu com Lula nesta terça — o segundo encontro com o presidente em duas semanas. Segundo apurou o UOL, ouviu do petista que o governo não se opõe ao nome de Hugo Motta. O Republicanos integra o governo: o ministro Silvio Costa Filho ocupa a pasta de Portos e Aeroportos.

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