Quem é o líder evangélico ex-bolsonarista que esteve com Lula em evento?

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), 48, participou de um evento de sanção do Dia Nacional da Música Gospel no Palácio do Planalto. Otoni discursou e elogiou o presidente da República. Conhecido por ser apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, de Paula vem de uma família de evangélicos e é pastor da Assembleia de Deus Missão e Vida. Ao longo da carreira política, ele protagonizou algumas polêmicas.

Quem é Otoni de Paula

Deputado federal Otoni de Paula (MDB - RJ)
Deputado federal Otoni de Paula (MDB - RJ) Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Nascido em Niterói, de Paula é filho de Otoni de Paula Pai, que também fez carreira política. Ele passou por vários partidos ao longo da carreira, sendo eleito como vereador, e deputado estadual, cargo que exercia pelo MDB antes de morrer em maio deste ano.

Antes de ser deputado, de Paula foi vereador do Rio de Janeiro. O parlamentar foi eleito em 2016 e em 2018 concorreu para deputado federal, vencendo pelo PSC como o 7º mais votado do estado à Câmara dos Deputados. Em 2022, ele se filiou ao MDB e conseguiu se reeleger a deputado federal.

Apesar do atual apoio ao presidente, já incitou a violência contra petistas. Ao rebater uma fala de Lula, que disse que militantes deveriam ir até os endereços de parlamentares e "incomodar" os familiares, de Paula sugeriu que "os vagabundos" levassem "bala".

No Rio de Janeiro, a gente tem método de tratar bandido. Lá é na bala. Se visitar minha casa vai ser na bala, está me ouvindo? Na bala, seus vagabundos.
Otoni de Paula no Congresso em 2022

Provocou briga com a cantora Anitta em 2017. Em um post no Facebook, de Paula sugeriu que Anitta pudesse ser uma "garota de programa. "É lamentável ver uma cantora talentosa como Anitta se passar como uma vagabunda de quinta", escreveu. A publicação foi rebatida pela cantora, que disse que era empresária e dava emprego para "aproximadamente 50 famílias". De Paula pediu desculpas após a réplica.

Foi o único a votar contra a proposta que deu à tribuna da Casa o nome de Marielle Franco, assassinada em 2018. À época da votação, afirmou que "era temerário votar o projeto com as investigações ainda em aberto".

Foi alvo de mandado de busca e apreensão por determinação do STF. Ele foi acusado de estar insuflando seus seguidores nas redes sociais a participar de atos antidemocráticos no feriado de 7 de setembro —quando houve grandes manifestações bolsonaristas em Brasília e em São Paulo. O parlamentar já havia sido denunciado pelo STF pelos crimes de difamação, injúria e coação no curso do processo por conta de ataques contra o ministro Alexandre de Moraes.

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Mudou rapidamente os aliados políticos do Rio. Em 2018, de Paula chegou a gravar vídeos elogiando o candidato ao governo do Rio Wilson Witzel (PSC). Em 2019, após o rompimento de Witzel com a família Bolsonaro, o parlamentar passou a se posicionar como um dos principais adversários do então governador no estado, ainda no primeiro ano de gestão. Witzel entrou com uma queixa-crime contra Otoni por calúnia, difamação e injúria, que não foi aceita pelo STF. A mudança de lado também aconteceu com Marcelo Crivella (Republicanos). Antes de apoiá-lo na campanha de 2020, o parlamentar chegou a romper com o ex-prefeito e o acusou de ser um "péssimo administrador".

Agora, o mesmo aconteceu com o apoio aos presidentes. Nesta semana, de Paula disse que foi "um dos maiores defensores" do governo Bolsonaro e "crítico político" do PT, mas que os evangélicos estão "entre os brasileiros mais contemplados pelos programas sociais de seu governo, já que os mais pobres e necessitados, os quais Jesus sempre dedicou a maior parte do seu tempo, formam a maioria esmagadora de nossos irmãos".

Graças à visão social de seus governos que essa gente humilde de Deus tem o poder ou tem condições de comer, por causa do Bolsa Família, e onde morar, por causa do Minha Casa Minha Vida. E também graças a essa visão social que nossas igrejas passaram a ter mais doutores e professores, gente que jamais poderia ter um diploma de curso superior se não fosse a visão do governo de vossa excelência.
Otoni de Paula na sanção do Dia Nacional da Música Gospel, em 2024

*Com informações da Agência Estado e de reportagem publicada em 13/07/2022

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do que a reportagem informava, Otoni de Paula se elegeu deputado federal, e não estadual.

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