Ministro desconversa sobre reforma ministerial e cita 'inimigos' no governo
O ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, desconversou nesta terça-feira (17) quando questionado sobre uma eventual reforma ministerial, mas disse ter descoberto que tem "inimigos" no governo.
O que aconteceu
Macêdo afirmou que não há "nenhuma discussão no governo sobre reforma ministerial". Acenando para o outro lado, falou, no entanto, que mudanças são prerrogativas do presidente Lula (PT). O ministro participou de café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.
Lula "tira e bota quem ele quiser, na hora em que ele quiser", disse Macêdo. "Essa é a natureza da política. Então, isso não tem nenhum problema. Eu tenho uma relação com o Presidente da República, graças a Deus, muito boa."
O ministro afirmou já ter sido avisado por amigos de que tem gente que gostaria da sua pasta. "Eu acho que isso é do processo da política. Tem [gente que quer prejudicar], todos nós [temos]. Tem gente que com certeza, no seu trabalho, vai querer te desgastar", disse.
Eu achava que não tinha inimigo. Depois, eu descobri que tenho um monte. Você vai descobrir um dia que você tem muitos inimigos também quando você começar a contrariar. [...] Deve incomodar muito as pessoas, ver alguém do povo, um militante político [chegar ao ministério].
Márcio Macêdo, sobre reforma ministerial
A Secretaria-Geral é um dos cargos ventilados para o futuro de Paulo Pimenta. O ministro está em vias de deixar a Secom (Secretaria de Comunicação Social), após diversas reclamações públicas de Lula com a área, mas não há garantia de que ele deixe o governo.
Macêdo não citou nomes. "Eu sou do Brasil profundo. Eu não sou de São Paulo, não sou do Sul, como a gente diz, não sou do Sudeste. [...] Estou feliz com o que eu estou fazendo, [mas] todo dia alguém planta coisa", disse o ministro.
Embora todos no governo desconversem, a reforma deverá ocorrer no início do ano que vem. O presidente Lula vê tanto a necessidade de realinhar seu corpo ministerial para os dois últimos anos de mandato como precisa avaliar as alianças para 2026.
Nem Lula nega mais que será candidato a reeleição. O debate que deverá dominar Brasília a partir de fevereiro de 2025, após as eleições nas duas Casas Legislativas, é de quais partidos políticos estarão com o governo já no primeiro turno.
Atualmente, dez legendas ocupam ministérios, mas nem todas garantem apoio. Em meio às barganhas para a aliança eleitoral, há disputas por pastas mais relevantes e espaços que, hoje, são considerados como indicações de Lula, como a da Saúde, com Nísia Trindade, ou a da Justiça e Segurança Pública, com Ricardo Lewandowski.
A Secom também entra nesse cálculo. Não por acaso, um dos principais cotados para assumir o lugar de Pimenta é o marqueteiro Sidônio Rodrigues, responsável pela campanha vitoriosa de 2022 e auxiliar do governo em algumas peças publicitárias.
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