8/1 é reprovado por 86% dos brasileiros dois anos depois, diz Quaest
Pesquisa Quaest divulgada nesta segunda-feira (6) mostra que 86% dos brasileiros reprovam as invasões das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.
O que aconteceu
Após dois anos, a reprovação aos atos golpistas segue alta, mas houve uma queda de 94% para 86%. Em fevereiro de 2023, 94% dos brasileiros desaprovavam os atos bolsonaristas que defendiam um golpe de Estado; em dezembro daquele ano, esse índice caiu para 89%, e, agora, é de 86%.
Metodologia: o instituto realizou 8.598 entrevistas entre os dias 4 e 9 de dezembro e considerou a margem de erro de um ponto percentual para mais ou para menos.
Entre eleitores de Bolsonaro, desaprovação alcança 85% dos entrevistados, aponta pesquisa. O mesmo percentual foi registrado no levantamento anterior, de dezembro de 2023. Em fevereiro daquele ano, o percentual foi de 90%.
Entre os eleitores de Lula, o percentual é de 88%. Em dezembro de 2023, eram 94% dos entrevistados lulistas que reprovavam os ataques golpistas, e em fevereiro, 97%.
Desaprovação aos atos é de ao menos 85% em todas as regiões do país. No Nordeste a reprovação é de 87%, no Sudeste, 86%, no Sul, é de 85%, e no Centro-Oeste/Norte, de 86%. A reprovação dos atos golpistas também supera os 84% entre todas as faixas etárias de entrevistados.
A rejeição aos atos do 8/1 mostra a resistência da democracia brasileira e a responsabilidade da elite política brasileira. Diante de tanta polarização, é de se celebrar que o país não tenha caído na armadilha da politização da violência institucional.
Felipe Nunes, diretor da Quaest
Influência de Bolsonaro
Metade dos eleitores brasileiros diz acreditar que Bolsonaro teve algum tipo de influência nos atos golpistas. Questionados sobre a possibilidade de influência de Bolsonaro na organização dos atos, 50% responderam que sim, enquanto 39% afirmam que não. Em fevereiro, 51% dos entrevistados acreditavam que o ex-presidente teve influência e 38 diziam que não.
Percepção sobre a participação de Bolsonaro nos atos golpistas cresceu. "Vale destacar a mudança na tendência do ano passado para cá. Entre 23 e 24, parecia que haveria uma relativização da participação do ex-presidente na organização dos atos. Mas essa tendência não se confirmou, sugerindo mudança significativa na percepção sobre o que aconteceu", afirmou Nunes. Isso porque, em dezembro de 2023, 47% diziam que o ex-presidente havia influenciado o ato contra 43% que não acreditavam nisso.
Pesquisa aponta ainda que 48% dos brasileiros acreditam que Bolsonaro participou do plano de tentativa de golpe, enquanto 34% defendem que não. "O fato mais contundente capaz de provocar essa mudança foi a deflagração dos documentos e evidências em torno da tentativa de golpe de Estado", afirma o diretor da Quaest.
Felipe Nunes destacou o que chamou de "moderação dos eleitores de Bolsonaro e Lula". "Ao longo do tempo, os eleitores moderados de Lula, que enxergam algum exagero nas acusações que Bolsonaro vem sofrendo, tendem a relativizar suas posições. Ao mesmo tempo, os eleitores moderados de Bolsonaro, que enxergaram como graves as acusações contra o ex-presidente, tendem a ficar mais severos na avaliação sobre seus atos, para não se sentirem cúmplices de algo que acreditam ser errado."
Bolsonaro e mais 39 pessoas foram indiciadas pela PF em novembro. O indiciamento ocorreu por suspeita de crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Pela primeira vez, um ex-presidente eleito no período democrático foi indiciado como responsável por tramar contra a democracia no país.
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