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Cientistas japoneses criam tecidos renais a partir de células-tronco

Em Tóquio

23/01/2013 12h40

Uma equipe de cientistas japoneses conseguiu criar, pela primeira vez, tecidos renais a partir de células-tronco pluripotentes induzidas  - as chamadas iPS, que são capazes de criar tecidos -, descoberta que dá esperanças a quem está na fila de espera por transplantes.

Os rins têm uma estrutura complexa muito difícil de ser reconstituída quando é prejudicada. A equipe dirigida por Kenji Osafune, professor do Centro para a pesquisa e a aplicação de células iPS da Universidade de Kyoto, gerou tecidos da mesoderme intermediária com uma taxa de sucesso de mais de 90% após 11 dias de cultivo.

Essa descoberta representa uma primeira etapa em direção ao transplante de tecidos renais gerados a partir de células iPS. O uso de células iPS não levanta problemas éticos, ao contrário das células-tronco extraídas dos embriões humanos.

"É uma etapa muito importante", declarou o professor Osafune por telefone.

Mas ainda existem numerosos obstáculos antes de se chegar a uma aplicação médica das pesquisas, acrescentou. "Ainda não sabemos se o simples fato de transplantar células regeneradas permitirá realmente curar doenças renais", explicou.

As células-tronco iPS são criadas a partir de células adultas reduzidas a um estado quase embrionário, que geram novamente quatro genes (normalmente inativos nas células adultas) para que recuperem uma nova imaturidade e a capacidade de se diferenciarem em todos os tipos celulares em função do meio no qual se encontram.

A equipe de Osafune descobriu ainda que as células suprarrenais e as células da glândula de reprodução podem ser cultivadas com o mesmo método. Os resultados foram divulgados no site da revista Nature Communications.

No ano passado, o japonês Shinya Yamanaka, diretor do centro da Universidade, e o britânico John Gurdon receberam o Prêmio Nobel de Medicina por terem elaborado o método que permite reprogramar células adultas em células-tronco, um procedimento considerado central para o futuro da medicina regenerativa.

A pesquisa das células iPS é uma prioridade no Japão, onde o governo decidiu conceder meios financeiros. O país considera que se trata de um setor muito promissor no qual terá uma vantagem importante com relação às outras nações.