OMS declara emergência internacional por surto de ebola
A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou nesta sexta-feira (8) que o surto de ebola na África Ocidental é uma emergência de saúde pública internacional, que exige uma resposta extraordinária para ser contido.
O atual surto de ebola - o maior e mais longo da história - começou na Guiné em março e desde então se espalhou para a Serra Leoa e Libéria. De fevereiro a agosto, a doença matou quase mil pessoas nos três países e na Nigéria, aonde o vírus chegou mais recentemente, segundo a organização.
A OMS anunciou que o surto é preocupante o suficiente para merecer ser declarado uma emergência de saúde internacional. A organização declarou estado semelhante para a pandemia de gripe suína em 2009 e para a pólio, em maio.
A organização não decretou, no entanto, quarentena nos países afetados - Guiné, Libéria, Serra Leoa e, em menor medida, Nigéria - para não agravar sua situação econômica, mas pediu fortes medidas de controle em seus pontos de saída.
A chefe da OMS, Margaret Chan, disse que o anúncio é "um claro apelo à solidariedade internacional", mas reconheceu que muitos países provavelmente não apresentariam nenhum caso da doença.
"Os países afetados até o momento simplesmente não têm a capacidade de gerenciar um surto desta dimensão e complexidade por conta própria", disse Chan. "Apelo à comunidade internacional que preste este apoio de forma urgente", completou.
A agência convocou um comitê de especialistas esta semana para avaliar a gravidade da epidemia em curso.
O impacto da declaração ainda não está claro. O anúncio similar feito para a pólio ainda não parece ter diminuído a propagação do vírus. Durante uma reunião da OMS na semana passada sobre a poliomielite, peritos apontaram que países ainda não aplicaram plenamente as recomendações feitas em maio, o número de casos de propagação internacional aumentou e os surtos se agravaram no Paquistão e Camarões.
Nos Estados Unidos, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) já elevou o nível de resposta ao nível mais alto e desaconselhou viagens para a África Ocidental. Na quinta-feira, o diretor do CDC, Tom Frieden, disse em uma audiência no Congresso do país que o surto atual deve adoecer mais pessoas do que todos os surtos anteriores de ebola combinados.
Após este anúncio, a União Europeia classificou de risco muito fraco a propagação do ebola no continente europeu e ressaltou que no caso - pouco provável - de que o vírus alcance o continente europeu, estão preparados para enfrentá-lo.
Recomendações da OMS
O comitê ressalta que os chefes de Estado dos países afetados têm que decretar estado de emergência e "se dirigir pessoalmente ao país para fornecer informação sobre a situação".
Keiji Fukuda, vice-diretor-geral da OMS encarregado da epidemia, explicou que as pessoas atingidas precisam ficar 30 dias em quarentena porque o tempo de incubação do vírus é de 21 dias.
As pessoas que estão em contato com os doentes - com exceção das equipes médicas, que têm uma roupa de proteção - não devem viajar, indicou Fukuda, pedindo também que a tripulação dos voos comerciais receba informação e material médico para se proteger e proteger os passageiros.
O comitê da OMS também recomenda que todos os viajantes procedentes dos países afetados façam um check-up, respondendo a um questionário e medindo a temperatura nos aeroportos, portos e nos principais postos fronteiriços.
Uganda isolou nesta sexta-feira (8) no aeroporto de Entebbe um passageiro, que apresentava os sintomas do ebola, à espera dos resultados, mas finalmente eles deram negativo.
Dois países em estado de emergência, Libéria e Serra Leoa, colocaram em quarentena três cidades na zona contaminada.
A Europa recebeu na quinta-feira (7) um primeiro doente com ebola repatriado, um missionário espanhol contaminado na Libéria, dias depois da repatriação aos Estados Unidos de dois pacientes americanos.
O vírus ebola é transmitido por contato direto com sangue, líquidos biológicos ou a pele de pessoas ou animais infectados e provoca uma febre caracterizada por hemorragias, vômitos e diarreia. Seu índice de mortalidade varia entre 25% e 90%.
Droga experimental foi usada em norte-americanos na África
O uso de uma droga experimental para tratar dois trabalhadores de ajuda humanitária norte-americanos infectados pelo vírus levou a OMS a considerar as implicações de tornar esses tratamentos acessíveis mais amplamente, disse a agência nesta quarta-feira (6).
O presidente dos EUA, Barack Obama, descartou o uso imediato da droga experimental na África, dizendo que os países afetados deveriam se concentrar em construir uma "infraestrutura pública forte".
(Com AP e AFP)
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