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Coronavírus na Itália: enfermeira compara situação à guerra mundial

Moradores caminham pelas ruas de Codogno, na região da Lombardia, na Itália - Miguel Medina/AFP
Moradores caminham pelas ruas de Codogno, na região da Lombardia, na Itália Imagem: Miguel Medina/AFP

Do UOL, em São Paulo

13/03/2020 08h42

Uma enfermeira da Itália, país da Europa mais atingido pela pandemia do novo coronavírus, comparou a situação com uma guerra. Mais de mil pessoas morreram até agora por causa da covid-19.

"É uma experiência que eu compararia com uma guerra mundial. Mas é uma guerra em que não dá para lutar com armas tradicionais, uma vez que ainda não conhecemos o inimigo", descreveu Roberta Re, enfermeira do hospital de Piacenza, na região de Emilia-Romagna, a segunda com o maior número de casos, em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

A Itália declarou quarentena em todo território, num esforço para conter a doença no país, que já atingiu mais de 15 mil pessoas. "Geralmente sou uma pessoa alegre, converso e brinco com todo mundo...mas agora há dias em que choro e fico deprimida", acrescentou Roberta.

Outros profissionais da saúde também fizeram desabafos sobre a situação. "O que estamos experimentando não é uma gripe normal, estamos recebendo 40 casos por dia de pneumonia na sala de emergência", explicou Andrea Vercelli, que também trabalha no hospital de Piacenza.

Daniele Macchini, médica do hospital Humanitas Gavazzeni, na província de Bergamo, na região afetada da Lombardia, escreveu no Facebook que a situação "não é nada menos que dramática."

O vírus também infectou médicos e enfermeiros que trabalhavam na crise. Roberto Stella, presidente da ordem dos médicos em Varese, Lombardia, morreu na quarta-feira. O homem de 67 anos cuidava dos pacientes até que começou a apresentar sintomas e entrou em tratamento intensivo na última sexta-feira (6).

O primeiro-ministro Giuseppe Conte repetiu seu apelo aos italianos para "ficarem em casa" ao anunciar o fechamento de lojas, bares e restaurantes em todo o país.

"As pessoas precisam entender que a situação é muito séria", disse Roberta.

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Apelo

Uma outra enfermeira, Alessia Bonari, também relatou o dia a dia do trabalho em hospitais italianos em publicação no Instagram.

"Estou fisicamente cansada porque os dispositivos de proteção são ruins, o jaleco me faz suar e, uma vez paramentada, não posso mais ir ao banheiro ou beber água por seis horas", explicou. "Estou psicologicamente cansada também e todos os meus colegas estão na mesma condição há semanas, mas isso não nos impedirá de fazer o nosso trabalho como sempre fizemos".

Bonari aproveitou a publicação e fez um apelo aos seguidores: que fiquem em casa e sigam as recomendações.

"O que peço a quem está lendo este post é não frustrar o esforço que estamos fazendo, ficar em casa e, assim, proteger os mais frágeis. Eu não posso me dar ao luxo de ficar em casa, mas você que pode, por favor o faça".