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Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta segunda-feira (13)

Presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante evento em Brasília - ADRIANO MACHADO
Presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante evento em Brasília Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em São Paulo

13/04/2020 14h24

Enquanto o Brasil acompanha apreensivo a escalada dos casos de covid-19 em todos os estados, a condução da pandemia encontra abordagens diferentes de dois personagens principais no combate a nível nacional. Ontem, a divergência entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ficou evidente e elevou a tensão para o início da semana política no país.

Primeiro, em uma live com religiosos para celebrar a Páscoa, Bolsonaro afirmou que "parece que está começando a ir embora a questão do vírus", em referência aos efeitos da pandemia da covid-19. Segundo ele, à medida que um problema estaria se diluindo, em sua visão, outro mais grave tende a aparecer: o desemprego. Essa tese tem sido sustentada pelo presidente, segundo o próprio, nos últimos "40 dias".

Mais tarde, em discurso totalmente divergente, Mandetta disse em entrevista ao programa Fantástico, da Globo, que o pico da doença no Brasil é esperado para maio e junho. Ele ainda cobrou "uma fala unificada e o fim da dubiedade" entre suas orientações e as do presidente a respeito das medidas de combate à expansão da pandemia do coronavírus.

"Isso leva para o brasileiro uma dubiedade, ele não sabe se ele escuta o ministro da saúde ou se escuta o presidente da República", afirmou.

Hoje, Bolsonaro evitou comentar a entrevista do ministro, dizendo que não assiste à TV Globo. Porém, a colunista do UOL Thaís Oyama publicou que a entrevista dada ontem ao programa Fantástico fez Mandetta perder apoio de militares do Planalto.

Vale lembrar que na semana passada Mandetta chegou a limpar suas gavetas no ministério. Bolsonaro havia resolvido demiti-lo. Demoveram o presidente da decisão o ministro chefe da Casa Civil, general Braga Netto, e o ministro da Secretaria de Governo, general Ramos.

Divergências com governadores

Além do momento de tensão com Mandetta, Jair Bolsonaro ainda tem divergências com a maioria dos governadores em relação ao isolamento social. Neste sentido, um parecer do procurador-geral da República, Augusto Aras, indica que o presidente tem o direito de decidir sobre o "momento oportuno" para maior ou menor distanciamento social no enfrentamento do novo coronavírus.

O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso ao parecer, no qual Aras afirma que, como o mundo passa por uma "crise sem precedentes", repleta de "incertezas", não é possível avaliar hoje, com precisão, se a estratégia de limitar a circulação de pessoas tem eficácia para impedir o avanço da covid-19.

Na contramão, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse que vai sugerir ao Congresso Nacional a criação de uma lei que estabeleça "multas e medidas penais mais severas" contra quem desrespeitar o isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus. Em declaração ao jornal O Globo, ele disse que vai levar o assunto também para o Fórum de Governadores, ressaltando que cabe à União deliberar sobre o tema

Já o governador de São Paulo, João Doria, disse que não vai limitar direito de 'ir e vir' no estado, mas reforçou a necessidade de isolamento social. No domingo, o índice de distanciamento subiu para 59%, sendo que a meta é de 70%.

Tensão também nos Estados Unidos

Assim como no Brasil, os Estados Unidos também vivenciam o aumento da tensão entre o presidente Donald Trump e um dos nomes na linha de frente do combate à doença nos Estados Unidos: o dr. Anthony S. Fauci, principal especialista em doenças infecciosas do governo.

Fauci, que atua como diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas desde 1984, declarou recentemente que mais vidas poderiam ter sido salvas se os Estados Unidos tivessem adotado mais cedo medidas restritivas de combate ao vírus.

Em seu Twitter, Trump compartilhou uma mensagem que destacava a hastag #firefauci (despedir Fauci, em tradução) e fazia críticas ao fato de que Fauci afirmou em fevereiro que os Estados Unidos não precisavam se preocupar.

"Fauci agora está dizendo que, se Trump tivesse ouvido os médicos especialistas antes, ele poderia ter salvado mais vidas. Fauci estava dizendo às pessoas em 29 de fevereiro que não havia nada com o que se preocupar e não representava nenhuma ameaça ao público americano em geral. Hora de #FireFauci", destacou a mensagem original, compartilhada por Trump.

Os Estados Unidos já registraram mais de 20 mil mortes de covid-19. Uma das preocupações no país é com as casas de repouso. Segundo levantamento da agência AP, mais de 3.600 pessoas morreram em residências deste tipo desde o início da pandemia.

Espanha retoma parcialmente o trabalho

Segundo país do mundo com o maior número de casos de coronavírus depois dos Estados Unidos, a Espanha iniciou hoje uma retomada parcial do trabalho. Enquanto muitos governos mantêm as medidas rigorosas de confinamento da população, a fim de diminuir a taxa de mortes diárias, Madri permitirá aos espanhóis retomarem, em certa medida, o caminho para as fábricas, canteiros de obras e escritórios.

No boletim de hoje, a Espanha voltou a registrar hoje queda no número de mortes diárias por covid-19, com 517 óbitos em 24 horas. Ao todo, já morreram 17.480 pessoas no país em decorrência do novo coronavírus e o número de pessoas infectadas subiu para 169.496

O Reino Unido, por sua vez, teve a terceira queda seguida no número de mortes diárias por covid-19. Foram 717 óbitos, confirmando a tendência de baixa depois de registrar 920 na sexta, 917 no sábado e 737 no domingo. O total de vítimas fatais da doença na região subiu para 11.329.

Equador em crise no sistema funerário

O governo do Equador anunciou que retirou quase 800 corpos de pessoas que morreram em suas residências nas últimas semanas em Guaiaquil, epicentro do coronavírus no país, após o colapso dos hospitais e das funerárias pela pandemia.

As autoridades, que agora enfrentam denúncias de pessoas que exigem os corpos de parentes mortos durante a pandemia, sepultaram quase 600 vítimas fatais da doença.

O balanço oficial sobre a situação provocada pelo coronavírus no país, onde o primeiro caso correspondeu a uma migrante equatoriana que retornou da Espanha, também detalha até domingo outros 384 casos de pessoas que provavelmente morreram vítimas do vírus, mas que não foram submetidas a teste em vida, nem seus corpos foram objetos de autópsias para determinar um possível contágio.

OMS diz que cloroquina ainda não tem eficácia comprovada

Em entrevista em Genebra, o diretor de operações da OMS (Organização mundial da Saúde), Michael Ryan, afirmou que não existem ainda "evidências empíricas" de que a cloroquina funcione para lidar com o covid-19.

A agência, porém, colocou o remédio em sua bateria de testes pelo mundo e aguarda os resultados para poder recomendar oficialmente. Ele indicou que existem "algumas indicações iniciais" de que o remédio pode ter "algum uso" no tratamento. Segundo ele, a comunidade médica e de pesquisadores está avaliando a cloroquina como um "potencial".

Na mesma entrevista, representantes da OMS ainda destacaram que a covid-19 é dez vezes mais letal do que a H1N1 e que a vacina é fundamental para romper a propagação.