OMS faz testes com cloroquina, mas diz ainda não ter eficácia comprovada
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Michael Ryan, diretor de operações da OMS (Organização mundial da Saúde), afirma que não existem ainda "evidências empíricas" de que a cloroquina funcione para lidar com o covid-19. Mas a agência colocou o remédio em sua bateria de testes pelo mundo e aguarda os resultados para poder recomendar oficialmente.
A declaração foi feita nesta segunda-feira, durante a coletiva de imprensa da OMS, em Genebra (Suíça). Respondendo a uma pergunta do UOL, Ryan indicou que existem "algumas indicações iniciais" de que o remédio pode ter "algum uso" no tratamento.
Ela explicou que o medicamento está sendo introduzido em testes realizados e pesquisas pela OMS ao redor do mundo. Segundo ele, a comunidade médica e de pesquisadores está avaliando a cloroquina como um "potencial".
Ryan também indicou que existem países que colocaram o produto em sua lista de sugestões de tratamento.
Mas afirmou que, por enquanto, não existem resultados de testes provando que a substância funcione contra o coronavírus. Ele também pediu cautela sobre os efeitos colaterais que o remédio pode ter. "Estamos ansiosamente esperando resultados", disse.
Diante da proliferação do vírus, a OMS sugeriu nesta segunda-feira que, no final das contas, só mesmo uma vacina vai conseguir frear a doença. "Em última análise, uma vacina será necessária", admitiu Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da agência.
Critérios para sair de quarentena
De acordo com a OMS, países europeus começam a ver uma queda na expansão no número de novos casos registrados de pessoas contaminadas. Mas a entidade alerta que isso não significa que quarentenas possam ser encerradas de um dia para o outro.
A entidade indicou que, nesta terça-feira, vai publicar uma nova estratégia sobre como lidar com o vírus e que inclui condições mínimas para que governos sigam, antes de retirar completamente uma quarentena.
"As mortes levam mais tempo para cair. Mas, em alguns países, a transmissão parece estar em queda. O distanciamento físico está tirando a pressão fora da epidemia. Mas agora é hora de vigilância e o caso não está terminado", alertou Ryan.
Segundo a OMS, países não podem "trocar a quarentena por nada".
O ponto central é a capacidade de um país de localizar o vírus. De acordo com Ryan, as restrições existem hoje justamente por não se saber onde está o vírus. "O único jeito (de fazer uma transição) é encontra-lo e isso só se faz testando", afirmou.
Os critérios da OMS para sair da quarentena
- Transmissão controlada
- Sistema de saúde capaz de testar e isolar casos
- Minimizar surtos em casas de repouso
- Administrar importação de casos
- Engajamento da comunidade
- Prevenção no trabalho e escolas
Tedros voltou a alertar para o risco de uma transição acelerada e sugeriu seis critérios para um país sair de uma quarentena.
O primeiro deles é ter sinais de que a transmissão está sob controle. Em segundo lugar, sistemas de saúde precisam estar preparados para testar, isolar e tratar todos os pacientes.
Outro critério é a capacidade de minimizar o surto em residências que abrigam idosos ou dentes, além de medidas de prevenção em escolas e outros locais essenciais. Isso significa manter leitos de UTI acima do que existia antes da pandemia, proteção aos médicos e outras medidas.
O quinto critério é o de conseguir administrar a importação de casos. A lista ainda inclui a construção de comunidades educadas para viver a nova norma.
Para Tedros, a decisão de um país de sair da quarentena ou coloca-la precisa ser tomada com base na proteção de saúde humana e guiada por como vírus se comporta. "O controle deve ser retirado lentamente. Não pode ocorrer de uma vez", disse.
Um dos motivos para o cuidado é a constatação da OMS de que a proliferação do vírus tem sido rápida e que a mortalidade é dez vezes superior às taxas do surto em 2009. "Em alguns países, os números dobram a cada três dias", disse. "Ela desacelera mais lentamente. A saída é muito mais lenta", alertou.
Mudança de comportamento
Na avaliação da OMS, o fim da quarentena terá de vir acompanhada ainda por uma mudança no comportamento das sociedades por meses ou até anos. Uma das possibilidades é de que o distanciamento físico seja mantido por um "longo tempo", ainda que o comércio volte a funcionar.
"Teremos de ter um sistema de saúde forte e comunidades engajadas. Esse é o único substituto à quarentena", disse Ryan.
A OMS ainda insiste: o final da quarentena não pode ocorrer da noite para o dia em todos os países da Europa.
Centros urbanos e pobreza
Se a estratégia de saída é a preocupação de parte da Europa, a OMS volta a insistir sobre a necessidade de governos de calibrarem uma resposta sanitária com uma resposta social e econômica.
"Em alguns locais, ficar em casa pode não ser uma (proposta) prática", disse Tedros, lembrando que muitos pobres e imigrantes ja vivem em locais complicados. "Como sobreviver se depende de renda diária?", questionou.
Tedros lembrou ainda que escolas fechadas estão atingindo 1,4 bilhão de crianças, o que significa a suspensão da educação, aumento de abuso e falta de alimentos.
Para o diretor-geral da OMS, a quarentena não pode ser a única resposta e precisa vir acompanhada por outras medidas. "Ficar em casa não pode vir às custas de direitos humanos", disse.
Ele voltou a pedir que governos equilibrem medidas de saúde e ações para minimizar o impacto social, já que a pandemia vai atingir de forma desproporcional os mais pobres.
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