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Em meio à expansão do coronavírus, SP volta a ter isolamento menor que 50%

15/04/2020 - Pessoas usam máscara de proteção como medida de combate a disseminação do novo coronavírus (covid-19), na região central de São Paulo - Nelson Antoine/Estadão Conteúdo
15/04/2020 - Pessoas usam máscara de proteção como medida de combate a disseminação do novo coronavírus (covid-19), na região central de São Paulo Imagem: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

18/04/2020 19h12Atualizada em 19/04/2020 08h21

Com uma morte pela covid-19 a cada trinta minutos, o Estado de São Paulo enfrentou a pior semana desde o começo da pandemia do novo coronavírus. Entre segunda (13) e sexta (17) houve um aumento de 52% nas mortes causadas pela doença, que chegaram a 928. Somente de quinta para sexta-feira, 75 pessoas morreram. O isolamento social, no entanto, mesmo com o aumento nos números, vem dando sinais de fraqueza.

Pela terceira vez durante esta pandemia, desde que a quarentena foi imposta pelo governador João Doria (PSDB), o Estado registrou menos de 50% de adesão ao isolamento social, conforme dados do governo divulgados na noite de hoje. Na quinta (16) e na sexta-feira (17) a adesão ficou em 49%. Antes, no dia 9 de abril, 47% dos paulistas respeitaram as medidas restritivas.

A expansão da covid-19 no estado vem sobrecarregando a estrutura de saúde pública. Dados de ontem mostram que 5,7 mil pessoas, entre casos confirmados e suspeitos, estão internadas em hospitais em decorrência da doença, sendo 3.465 em leitos de enfermaria e 2.275 em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O médico infectologista David Uip, que coordena o Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo, tem reiterado que é necessário uma a adesão de pelo menos 70% da população do estado para que o vírus seja controlado. A cidade de São Paulo, que concentra a maior parte as mortes do estado, espelha a mesma situação do estado: está com 49% de adesão, que vem em baixa. No último dia 12, por exemplo, este número chegou a 58% na capital.

Um reflexo da baixa adesão são as carreatas que saíram às ruas neste sábado (18) para atacar o governador João Doria e defender o fim o isolamento social. O governador criticou os protestos e classificou os manifestantes de "aliados da doença".

Os dados são captados pelo governo do estado por meio de uma parceria com as empresas de telefonia móvel. A análise indica " tendências de deslocamento" da população paulista. O sistema é atualizado diariamente e conta com 104 cidades com mais de 70 mil habitantes.

Após o primeiro dado referente à baixa adesão no estado, no começo deste mês, O governador João Doria chegou a afirmar que, caso as pessoas permanecessem violando as regras da quarentena, poderiam ser advertidas e, caso insistirem, presas pela Polícia Militar. A fala foi justamente após os dados de adesão serem divulgados.

"Se não houver neste final de semana consciência das pessoas, seja na capital de São Paulo ou em qualquer outra região neste fim de semana, nós estamos monitorando isso pelos celulares, a partir de segunda-feira o governo do estado de São Paulo tomará medidas mais rigorosas e mais duras", disse Doria no dia 9 de abril.

Há controvérsias jurídicas sobre a ideia de Doria, mas, até o momento, são poucos os registros, por parte da PM, de prisões por conta do descumprimento do isolamento.

Nesta semana, uma mulher de 44 anos foi detida em Araraquara, a 250 quilômetros de São Paulo, porque violou o decreto da prefeitura daquela cidade. Antes de ser detida, ela afirmou que "esse circo de coronavírus não funciona comigo, armaram para implantar uma ditadura comunista".

Subnotificação influencia isolamento

Reportagem do UOL publicada hoje mostra que a subnotificação de casos e mortes do novo coronavírus influencia na adesão ao isolamento social.

Para especialistas, a desconexão dos números com a realidade gera um círculo vicioso: mais gente vai para as ruas e mais casos ficam fora das estatísticas oficiais, aumentando a proliferação da doença causada pelo novo coronavírus.