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Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quarta-feira (22)

Hospital Nilton Lins, em Manaus, recebendo a primeira paciente no sábado (18) - Michell Melo/Governo do Amazonas
Hospital Nilton Lins, em Manaus, recebendo a primeira paciente no sábado (18) Imagem: Michell Melo/Governo do Amazonas

Do UOL, em São Paulo

22/04/2020 14h46

A expansão do novo coronavírus em um país das dimensões do Brasil, como esperado, não é uniforme e tem feito com que alguns estados e municípios estejam à beira de um colapso do sistema de saúde, enquanto outros já discutem e colocam em prática a reabertura de setores comerciais. Esse contraste ficou mais evidente nesta quarta-feira, com Manaus pedindo socorro enquanto capitais como Florianópolis já discutem e implementam a flexibilização do isolamento social.

Ontem, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), concedeu entrevistas para o jornal Folha de S. Paulo e CNN Brasil e chegou a chorar ao falar sobre a situação da capital amazonense. Ele disse que a cidade vive um momento de calamidade, com mais de 1.800 pessoas contaminadas e o sistema de saúde colapsado. Muitas pessoas estão morrendo em casa, o que agrava a situação.

O governador do Amazonas, Wilson Miranda Lima (PSC), disse em entrevista à CNN Brasil que os próximos 15 dias serão críticos. "Ainda não atingimos o pico, devemos ter nos próximos 10, 15 dias um problema muito grave. Os números têm crescido de forma considerável", disse o governador.

"Nós estamos aumentando a capacidade (de atendimento hospitalar), mas vamos continuar vendo nos próximos dias essa cena de óbitos, infelizmente levando em consideração o que está acontecendo no Amazonas. É uma realidade que ninguém pode negar. É um avanço de doença que nenhum sistema do mundo estava preparado", disse.

Oficialmente, o Amazonas tem 2.270 casos confirmados de covid-19, com 193 mortes. De acordo com cálculos feitos pelo UOL a partir de informações de população do IBGE, os dados do estado são cerca de três vezes mais altos que a incidência por milhão registrada na média do país.

Além de Manaus, causa preocupação a situação do município Manacapuru, na região metropolitana Com 97 mil habitantes, a cidade às margens do rio Solimões é a que possui a maior incidência do novo coronavírus em todo o país. Até a terça-feira (21), eram 218 casos confirmados e 14 óbitos (média de 2,2 casos por cada mil pessoas, contra 0,2 na média nacional).

Em contraponto, Florianópolis já coloca em prática a flexibilização do isolamento social. Com quatro óbitos registrados e cerca de 20% de ocupação nas UTIs destinadas para a covid-19 ocupadas, a capital catarinense vai permitir a reabertura de shoppings, centros comerciais e restaurantes com regras rígidas para evitar um aumento na disseminação da doença.

"De maneira técnica, isso nos dá uma garantia de que a curva é garantida pelo sistema hospitalar. Se ultrapassar os limites, voltamos a restringir", disse o prefeito Gean Loureiro.

São Paulo lança plano de reabertura

São Paulo ainda vive um momento crítico no combate ao coronavírus, mas o governo divulgou hoje um plano de retomada da atividade econômica no estado que começará a valer em 11 de maio. O término da quarentena deverá respeitar um cronograma por fases e será diferente dependendo da região.

Setores tidos como mais vulneráveis terão retomada mais rápida. Além disso, está previsto o monitoramento municipal da disponibilidade de leitos nos hospitais. Para traçar o plano, foram estudados os casos de outros países e analisadas estatísticas locais, explicou o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann.

Até lá, porém, São Paulo promete manter o discurso da importância do isolamento social. O governador João Doria (PSDB) criticou as tentativas de bloquear a avenida Paulista, que dá acesso a vários hospitais.

"Pessoas que agem desta maneira estão sabotando a saúde, está sabotando os profissionais da saúde". Em seguida, Doria acrescentou mais argumentos a sua contrariedade com a manifestação. "Bloquear o direito de ir e vir, principalmente na avenida Paulista, que dá acesso a hospitais, é uma atividade que merece a reprovação do governo e da sociedade", afirmou. "As medidas adotadas aqui em São Paulo e nos estados, por governadores e prefeitos, têm ajudado a salvar vidas".

No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) disse que pretende abrir grande parte do comércio no início de maio. Ontem, o DF começou uma testagem em massa para detectar casos de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

"Desde lá atrás já existia uma perspectiva que na segunda quinzena de abril, com a testagem em massa, até de 3 de maio, teríamos condições de abrir quase que integralmente o comércio no Distrito Federal. Pretendemos abrir grande parte do comércio no dia 4 de maio", disse Ibaneis em entrevista à CNN.

RJ se preocupa com leitos e profissionais

No Rio de Janeiro, duas preocupações são latentes: a taxa de ocupação em leitos de UTI e o número de profissionais da saúde afetadas.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou na manhã de hoje que a taxa de ocupação na rede estadual é de 66% em leitos de enfermaria e 78% em leitos de UTI. Declarou ainda que nos últimos 45 dias abriu 548 novos leitos exclusivos para tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus em todo o Estado do Rio de Janeiro.

Neste cenário, dezenas de pacientes estão sendo transferidos diariamente para unidades do interior - algumas a mais de cem quilômetros da capital.

O Rio de Janeiro também já tem mais de 1.800 profissionais da saúde da rede pública afastados por causa do coronavírus. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde, atualmente 1.043 estão afastados do trabalho - o número representa 5,4% dos profissionais que atuam nas emergências e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) estaduais. Já no município, outros 800 profissionais também não estão mais trabalhando.

Bolsonaro se reúne com MDB

No campo político, o presidente Jair Bolsonaro reúne-se hoje com membros do MDB, partido com o qual ensaia uma aproximação. Bolsonaro recebe pela tarde, no Planalto, o presidente nacional da legenda, deputado Baleia Rossi (SP), e o líder da maioria no Senado, senador Eduardo Braga (AM). Também participa da reunião o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.

O encontro faz parte de uma estratégia para articular uma base de sustentação parlamentar no Congresso. Na semana passada, o presidente se reuniu com membros do Centrão. Agora, além do MDB, Bolsonaro também busca fortalecer as relações com o comando do DEM. O presidente deve se encontrar amanhã com o presidente do partido, ACM Neto.

A tentativa de reaproximação vem após o embate com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O presidente tem sido criticado por sua postura em relação ao combate ao novo coronavírus. Para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, Bolsonaro está angustiado.

Hoje, o presidente mostrou irritação com a imprensa ao deixar o Palácio da Alvorada. Sem explicar ao que se referia, Bolsonaro disse que tudo que leu na imprensa hoje foi invenção e não daria entrevistas.

"Eu não vou falar com a imprensa. O que eu li hoje inventam tudo. Então pode continuar inventando aí", disse, alegando que há distorção em relação ao que fala.

Trump fala em reabrir economia

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o país está preparado para reabrir a economia "com segurança" em meio à pandemia do coronavírus. De acordo com a contagem realizada pela Universidade Johns Hopkins, os EUA registraram, até o momento, 825 mil casos confirmados e mais de 44 mil mortes por coronavírus.

"Os EUA estão voltando com segurança. Nosso país está começando a abrir para negócios novamente. Cuidados especiais são, e sempre serão, dados aos nossos amados idosos (exceto eu!). A vida deles será melhor do que nunca. Nós amamos todos vocês!", escreveu ele.

Enquanto isso, na Europa, a Espanha permitiu que as crianças saiam para caminhadas curtas pela primeira vez em mais de um mês. Além disso, o governo cogita um afrouxamento mais amplo de um dos isolamentos de coronavírus mais rigorosos do mundo no final de maio.

Com 208.389 infecções, a segunda maior taxa global, e um total de 21.717 mortos, o segundo maior da Europa, a Espanha adotou restrições duras, que incluem uma proibição polêmica à saída de crianças de casa desde meados de março.

A Itália, por sua vez, viu as mortes pela epidemia ultrapassar o número de 25 mil, com 437 óbitos em 24 horas. O acumulado de casos confirmados é de 187.327, o terceiro maior número global, atrás de Estados Unidos e Espanha.

*Com informações da agência Reuters e do Estadão Conteúdo