Sobrevivente da 2ª Guerra Mundial supera covid-19: "Vou viver muito ainda"
Sobrevivente da 2ª Guerra Mundial, o japonês Katsuhiko Migiyama, 76, venceu recentemente mais um desafio na vida. Ele deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Belém após se recuperar da covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. O idoso estava em tratamento intensivo desde 6 de abril, quando agravou o quadro clínico.
No Brasil desde os anos 1950, quando fugiu da fome do período pós-guerra no Japão, Migiyama apresenta comorbidades, o que deixou a família apreensiva ao longo da internação. Segundo a neta, Eiko Migiyama, 21, o idoso sofre de diabete, hipertensão, apresenta histórico de pneumonia, é ex-fumante e já ficou 18 dias na UTI com diagnóstico de sepse, em outra ocasião.
Além disso, ele ainda sobreviveu a um assalto na mercearia que é proprietário em Belém, ficando com uma bala alojada no corpo.
"Acreditávamos que iríamos perdê-lo"
A superação de todo esse histórico fez Migiyana manter a esperança de que também pudesse vencer a covid-19. Desde sexta-feira (24), ele está fora de perigo, apenas em observação na enfermaria de um hospital particular, à espera do retorno para casa.
Ao todo, o Pará registra 1.867 infectados, com 10 mortes, conforme o boletim de hoje.
"Antes de dar entrada no hospital, a minha irmã ligou para ele para saber como estava. Ele disse que 'vou ficar bem' e 'ainda vou viver muito'. Foi marcante porque acreditávamos que iríamos perde-lo quando foi para a UTI. Quando soubemos que não estava mais com o vírus, foi só felicidade", contou Eiko.
"Toda a equipe médica acreditava na perda por causa dessas comorbidades. Nem respondia ao tratamento e a pressão variou muito nesse período, mas deu tudo certo", completou a neta.
Túneis salvaram família na 2ª Guerra
Katsuhiko Migiyama nasceu dois anos antes do fim da 2ª Guerra Mundial, que terminou em 1945.
O nascimento ocorreu no período que os aliados (Estados Unidos, França, Inglaterra e União Soviética) avançaram sobre o Japão e ainda bebê ele viveu o apogeu do conflito: os bombardeios nucleares de Hiroshima e Nagasaki.
A neta do comerciante conta que o pai de Migiyama era combatente japonês e morreu durante os bombardeios. A família conseguiu sobreviver ao conflito ao se esconder periodicamente em túneis subterrâneos em Kumamoto, província a 70 quilômetros de onde foi lançada a bomba em Nagasaki.
"Quando teve a bomba atômica, alguns irmãos do vovô tiveram sequelas e acabaram morrendo de fome no pós-guerra", relatou a neta.
A mãe de Migiyama chegou ao Brasil nos anos 1950 com os dois filhos sobreviventes. A intenção era fugir das dificuldades impostas no período pós-guerra no Japão.
"Vieram em busca de uma vida melhor. A minha bisavó fugiu para o Brasil e se estabeleceram aqui, primeiro em Manaus. Depois vieram para o Pará", contou Eiko, sobre a história da família. Migiyama atualmente tem cinco filhos e seis netos.
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