"Rio, Manaus e Fortaleza devem considerar lockdown", diz professor da USP
Resumo da notícia
- Perto do limite de leitos oferecidos, suspensão total de atividades pode ser solução para capitais brasileiras
- A medida só deve ser adotada em colapso de hospitais públicos e privados e aceleração de óbitos
- O período precisa ser curto, mas suficiente para que o sistema de saúde se recupere
Medida extrema durante a pandemia de covid-19, o lockdown será decretado na próxima semana em São Luís pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B). O isolamento praticamente total da cidade, no entanto, deve ser considerado por outras capitais, como Manaus, Fortaleza e Rio de Janeiro, cidades em que os leitos de UTI estão praticamente tomados.
A sugestão é do professor de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) Mario Scheffer. "Já está na hora do lockdown em Manaus, Fortaleza, São Luís e mesmo no Rio de Janeiro. São cidades com a oferta de leitos quase esgotada", diz. "E serviria de alerta para São Paulo."
Em Fortaleza, são 5.826 casos e 355 óbitos. Mas a situação é grave em todo o estado. No dia 20 de abril, a Secretaria Estadual de Saúde informou por meio de nota que "neste momento há uma ocupação completa dos leitos de UTI".
Dos 4.801 casos confirmados no Amazonas até ontem, 3.091 estão em Manaus (64%). Só na capital 288 pessoas morreram. Em todo o estado, a ocupação de leitos de UTI chega a 96%.
Com 794 mortos e 8.869 casos, o Rio de Janeiro está com a taxa de ocupação de leitos da rede estadual perto do limite. De acordo com a Secretaria de Saúde, 85% dos leitos em UTI estão ocupados para todas as doenças, não apenas a covid-19.
Paralisação total
O especialista em saúde pública explica que o lockdown tem por objetivo paralisar o máximo de atividades de um município, como aconteceu em algumas cidades na Índia, Itália, Argentina e Espanha. "Até as fronteiras são bloqueadas."
Ele afirma que, onde o lockdown foi decretado, "a curva de infecções reduziu e deu tempo para o sistema de saúde se reorganizar". "O período de duração da medida depende do decreto de cada prefeito ou governador, mas tem de ser o mínimo possível.
É o caminho oposto do relaxamento proposto pelo governo federal. Essa é uma estratégia extrema e só deve ser adotada em situação de colapso de hospitais públicos e privados e aceleração de casos e óbitos
Mario Scheffer, professor de Saúde Pública da USP
Socorro financeiro
O professor pondera que "o mais importante" em caso de lockdown é a necessidade de "medidas de proteção social". "Ou a paralisação vai penalizar ainda mais os pobres, trabalhadores informais, as periferias, com dificuldade extrema de aderir à quarentena."
O dinheiro precisaria ser desembolsado também pelo governo federal "ou mesmo por ajuda externa".
O especialista em saúde pública recomenda ainda a estatização temporária dos leitos privados porque "uma fila única de leitos" pode reorganizar o sistema de saúde das capitais.
"A ocupação dos leitos seguiria critérios de gravidade, proximidade entre o paciente e a unidade mais adequada ao seu problema e respeito aos contratos dos usuários de planos de saúde", diz. "Com isso o gestor do SUS também poderia imprimir um padrão de qualidade a clientes de planos baratos hoje assistidos em hospitais sem qualificação para atender coronavírus."
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